ATA DA
VIGÉSIMA PRIMEIRA SESSÃO ORDINÁRIA DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA
DÉCIMA PRIMEIRA LEGISLATURA, EM 08.04.1994.
Aos oito dias
do mês de abril do ano de mil novecentos e noventa e quatro reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho,
a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Vigésima Primeira Sessão Ordinária
da Segunda Sessão Legislativa Ordinária da Décima Primeira Legislatura. Às nove
horas foi realizada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Antonio
Hohlfeldt, Clênia Maranhão, Clóvis Ilgenfritz, Décio Schauren, Divo do Canto,
Eliseu Santos, Eloi Guimarães, Fernando Zachia, Geraldo de Matos Filho, Giovani
Gregol, Guilherme Barbosa, Helena Bonumá, Henrique Fontana, Isaac Ainhorn, João
Bosco, João Motta, João Dib, João Verle, Jocelin Azambuja, José Gomes, Lauro
Hagemann, Luiz Braz, Luiz Negrinho, Maria do Rosário, Milton Zuanazzi, Nereu
D’Ávila, Pedro Américo Leal, Pedro Ruas, Wilton Araújo e Letícia Arruda.
Constatada a existência de "quorum", o Senhor Presidente declarou abertos
os trabalhos e determinou que fossem distribuídas em avulsos cópias das Atas da
Vigésima Sessão Ordinária e da Terceira Sessão Solene, que foram aprovadas. À
MESA foram encaminhados: pelo Vereador Eliseu Santos, 01 Pedido de
Providências; pelo Vereador Isaac Ainhorn, 01 Pedido de Providências; pelo
Vereador João Bosco, 01 Pedido de Providências; pela Vereadora Letícia Arruda,
04 Pedidos de Providências; pelo Vereador Luiz Negrinho, 02 Pedidos de
Providências. Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 177/94, do Senhor Prefeito
Municipal de Porto Alegre, 01/94, do Departamento Municipal de Habitação,
115/94, da Fundação de Economia e Estatística, 271/94, do Tribunal de Justiça
do Estado do Rio Grande do Sul, 386/94, da SOGIPA, s/nºs, do Comandante da 3ª Região
Militar e da Associação das Diplomadas Universitárias do Rio Grande do Sul. Em
PAUTA, Discussão Preliminar, estiverem: em 1ª Sessão, os Projetos de Lei do
Legislativo nºs 08/94, discutido pelos Vereadores Jocelin Azambuja e João Dib,
10, 16/94 e 159//93, este discutido pelos Vereadores Guilherme Barbosa e João
Dib, e o Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 05/94; em 2ª Sessão, o
Projeto de Resolução n 39/93 e o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº
10/94, este discutido pelo Vereador João Dib; em 3ª Sessão, os Projetos de Lei
do Legislativo nºs 146/92 e 13/94. Após, o Senhor Presidente informou ter o
Vereador Mário Fraga sido ferido ontem, durante um assalto, motivo pelo qual
não compareceu à presente Sessão. Em prosseguimento, constatada a existência de
"quorum", foi iniciada a ORDEM DO DIA. Em Discussão Geral e Votação
foi aprovado o Projeto de Lei do Executivo nº 70/92 e a Emenda nº 01 a ele
aposta. Em Discussão Geral e Votação foi aprovado o Projeto de Lei do Executivo
nº 71/93, após ter sido encaminhado à votação pelos Vereadores Clóvis
Ilgenfritz, Milton Zuanazzi, João Dib e Jocelin Azambuja. A seguir, foram
aprovados os seguintes Requerimentos: do Vereador Antonio Hohlfeldt, de Voto de
Congratulações com o Professor Sidnei Alberto Silveira, por ter assumido a
direção do Colégio Cruzeiro do Sul; do Vereador Décio Schauren, solicitando que
seja realizada Sessão Especial no dia três de maio do corrente ano, para
entrega do Título de Cidadão de Porto Alegre ao Senhor Carlos Alberto Libanio
Christo, Frei Betto e, também, para a realização de uma palestra sobre
"Ética na Política"; do Vereador João Bosco, de Votos de
Congratulações com o Atleta Nélson Ilha, pela conquista do Campeonato
Internacional de Vela na Classe Laser, com o Atleta André Streppel, por ter
conquistado o Campeonato Sul-Americano Infantil de Vela na Classe Optmist, com
os Atletas Eduardo e Ricardo Paradeda, pela conquista do Sul-Americano de Vela
na Categoria Geral, com os Atletas Valter Dreher e Paulo Ribeiro, pela conquista
do Campeonato Sul-Americano de Vela na Classe 470, com os Atletas George Nehm e
Fernando Krahe, pela conquista do 25º Troféu Princesa Sofia de Vela na
Categoria Snipe; do Vereador João Motta, solicitando que o Projeto de Lei
Complementar do Executivo nº 04/94 seja considerado em regime de urgência e
submetido à reunião conjunta das respectivas Comissões; do Vereador João Verle,
solicitando que os Projetos de Lei do Executivo nºs 70/92 e 71/93 sejam
dispensados da votação de suas Redações Finais; do Vereador Jocelin Azambuja,
de Votos de Congratulações com o Cônego José Clemente Weber, por sua sagração
como Bispo Auxiliar de Porto Alegre, com o Colégio Cruzeiro do Sul, pela
passagem de seu aniversário de fundação; do Vereador Pedro Ruas, solicitando
Licença para Tratamento de Saúde para o Vereador Mário Fraga, no dia de hoje.
Também, foi apregoado Requerimento do Vereador Giovani Gregol, de Voto de
Congratulações com a Zero Hora Editora Jornalística S.A., pela série de
reportagens "O Aniversário da Cidade", o qual, após ser encaminhado à
votação pelo Vereador Giovani Gregol foi retirado pelo Autor. Na ocasião, o
Senhor Presidente respondeu Questões de Ordem dos Vereadores Giovani Gregol,
Guilherme Barbosa, Nereu D’Ávila, João Motta, Eliseu Santos, João Dib e Pedro
Américo Leal, sobre o conteúdo e destinação do Requerimento do Vereador Giovani
Gregol, de Voto de Congratulações com a Zero Hora Editora Jornalística,
informando que o conteúdo e destinatário do Requerimento em questão foram
especificados pelo Autor e por suas assessoria. Também, o Vereador Wilton
Araújo solicitou o recolhimento, pela Mesa, dos apanhados taquigráficos
relativos ao encaminhamento desse Requerimento do Vereador Giovani Gregol,
tendo o Senhor Presidente informado que tais apanhados serão entregues à
Diretoria Legislativa. Ainda, o Requerimento do Vereador João Motta, referente
ao Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 04/94, foi encaminhado à votação
pelo Autor, e foi deferido pelo Senhor Presidente Requerimento do Vereador João
Motta, solicitando a retirada de tramitação da Emenda nº 03 aposta ao Projeto
de Lei Complementar do Executivo nº 05/94. Na oportunidade, o Vereador Antonio
Hohlfeldt solicitou providências da Casa visando modificar o Regimento Interno
a fim de viabilizar regimentalmente a solicitação de Licença para Vereador de
parte da Liderança da Bancada integrada pelo mesmo. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o
Vereador Nereu D’Ávila reportou-se ao Requerimento encaminhado pelo Vereador
Giovani Gregol, de Voto de Congratulações com a Zero Hora Editora Jornalística
S.A., dizendo apresentar o PT posicionamentos distintos no tratamento concedido
à imprensa. Comentou a votação, pela Casa, do Projeto de Lei do Executivo nº
87/93, lamentando a repercussão, na imprensa, da aprovação desse Projeto.
Finalizando, desculpou-se com o Vereador José Gomes, por expressões
anti-regimentais utilizadas durante discurso proferido na Sessão Ordinária do
dia seis do corrente. Após, o Vereador Nereu D’Ávila solicitou estudo pela
Auditoria acerca da abrangência do artigo 217 do Regimento Interno. Em
COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Fernando Zachia leu nota divulgada pelo
Jornalista José Barrionuevo, acerca da votação, pela Casa, do Projeto de Lei do
Executivo nº 87/93, destacando o prejuízo que tal nota acarreta à imagem desta
Casa e atentando para a importância da independência do político para que se
evitem votações embasadas na preocupação com a imagem externa e não com o real
interesse da coletividade. A Vereadora Maria do Rosário relatou reunião da qual
participou ontem, na comunidade do Parque dos Maias, para tratar da Escola
Infantil Nova Gleba, destacando que a construção e destinação dessa escola não
respeitou a participação da população, criando-se um grau de atrito e
enfrentamento com a Secretaria de Educação que vem inviabilizando o encontro de
soluções. Finalizando, registrou sua discordância de nota publicada pelo
Jornalista José Barrionuevo, acerca da votação, na Casa, do Projeto de Lei do
Executivo nº 87/93. O Vereador Clóvis Ilgenfritz reportou-se ao pronunciamento
da Vereadora Maria do Rosário, acerca da Escola Infantil Nova Gleba, dizendo
verificar-se ali problemas que estão sendo encaminhados pela Administração
Municipal na busca das devidas soluções. Também, lamentou nota do Jornalista José
Barrionuevo, acerca da votação do Projeto de Lei do Executivo nº 87/93,
salientando a importância da participação dos Senhores Vereadores na votação
dos projetos da Administração Municipal que visem o beneficiamento da nossa
Cidade. O Vereador Antonio Hohlfeldt registrou a realização, na próxima
quarta-feira, de encontro com o Secretário Municipal da Fazenda, para debate da
situação trabalhista vivenciada pelos antigos motorneiros da Companhia Carris
Porto-Alegrense, no que se refere à aposentadoria desses servidores. Criticou a
atuação do Secretário Municipal dos Transportes, destacando, em especial,
dificuldades que vem enfrentando no encaminhamento de solicitação dos moradores
da Zona Norte, de implantação de linha do Passo das Pedras que passe pela Avenida
Sertório, e problemas acarretados a esses moradores, face a extensão do
terminal de ônibus da linha do Passo das Pedras sem que tenha ocorrido um
aumento do número de ônibus que atendem aquela área. Também, lamentou a omissão
da Secretaria Municipal dos Transportes na preservação, para uso de pedestres,
de área destinada para tal na Avenida Borges de Medeiros, entre a Rua dos
Andradas e José Montaury. O Vereador Jocelin Azambuja teceu comentários sobre a
construção da Escola Infantil Nova Gleba, declarando que as verbas ali
investidas representam um desperdício do dinheiro público. Lamentou
posicionamento assumido pelo Vereador Clóvis Ilgenfritz a respeito, destacando
os prejuízos resultantes da obra em questão para a comunidade estudantil do
local. Propôs a devolução, para a Escola João Satte, das salas de aula fechadas
para a implantação da Escola Infantil Nova Gleba. O Vereador Pedro Américo Leal
falou acerca da atuação da Casa na discussão do Projeto de Lei do Executivo nº
87/93, classificando como inverídica notícia publicada a respeito pelo
Jornalista José Barrionuevo. Esclareceu os motivos pelos quais optou pela
Abstenção no referente a esse Projeto, salientando a complexidade do mesmo e a
busca efetuada por todos os Vereadores para seu aperfeiçoamento e para o
beneficiamento da população. Em EXPLICAÇÃO PESSOAL, o Vereador Divo do Canto
comentou reunião da qual participou ontem, na Associação dos Meninos da Bocha,
visando a liberação de licença para construção de sanitários no local,
lamentando posicionamento assumido por participante da reunião, contrário à
obra sob a argumentação de que a mesma deveria passar pelo Orçamento
Participativo. Classificou como radical tal atitude, tendo em vista que os
recursos para a construção dos sanitários seriam conseguidos através de
cotização entre os interessados. Ao finalizar, ratificou pronunciamentos hoje
feitos na Casa, relativos a nota divulgada pela imprensa sobre a votação do
Projeto de Lei do Executivo nº 87/93. O Vereador José Gomes disse ser a
harmonia elemento necessário para que a Casa possa ter uma atuação positiva e
que realmente beneficie a população, lembrando incidentes verificados na Sessão
Ordinária do dia seis do corrente, entre Sua Excelência e o Vereador Nereu
D’Ávila. Destacou que os Parlamentares integrantes deste Legislativo
representam toda a coletividade porto-alegrense, exigindo respeito mútuo para
que sejam mantidos os reais objetivos de uma Câmara de Vereadores. O Vereador
Guilherme Barbosa reportou-se às eleições nacionais a serem realizadas em
outubro do corrente, analisando o caráter histórico das mesmas e destacando ser
fundamental a união dos grupos de esquerda para viabilizar a concretização de
mudanças para o País. Nesse sentido, apoiou a iniciativa da Direção Nacional do
PT, de buscar contatos com o PDT visando essa unificação em um momento em que é
crucial a superação de divergências partidárias objetivando o bem maior da
Nação. O Vereador Antonio Hohlfeldt registrou a absolvição, por unanimidade, do
ex-Prefeito Olívio Dutra, pela Justiça, de processos que tiveram sua origem, na
sua maioria, aqui na Casa, como os referentes à publicação da Revista Dum-Dum,
ao resíduo salarial dos municipários, à criação da Empresa de Transporte
Coletivo Tinga e à questão do excedente tarifário para renovação da frota de
veículos do transporte coletivo. Também, retomou pronunciamento anterior,
acerca da criação de área para pedestres na Avenida Borges de Medeiros,
destacando que, por omissão da Secretaria Municipal dos Transportes e da
Brigada Militar, a lei não vem sendo respeitada, ocorrendo, ali, o
estacionamento de veículos, em grande parte pertencentes a órgão públicos. O
Vereador João Dib falou sobre os posicionamentos do PT com relação à imprensa.
Declarou que a Administração Municipal possui gastos excessivos com
publicidade, questionando as motivações dos recursos por ela recebidos de
empresas privadas. Reportou-se ao pronunciamento do Vereador Antonio Hohlfeldt,
acerca da área para pedestres criada na Avenida Borges de Medeiros, dizendo-se
contrário ao estacionamento, no local, de veículos pertencentes aos órgãos
públicos. Nada mais havendo a tratar, o Senhor Presidente declarou encerrados
os trabalhos às onze horas e cinqüenta e um minutos, convocando os Senhores
Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima segunda-feira, à hora regimental.
Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Luiz Braz e Clóvis Ilgenfritz e
secretariados pelos Vereadores Wilton Araújo, Milton Zuanazzi e Guilherme
Barbosa, este como Secretário "ad hoc". Do que eu, Wilton Araújo, 1º
Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em
avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.
(Obs.: A Ata digitada nos Anais é cópia do documento original.)
O SR.
PERSIDENTE (Luiz Braz): Passamos ao período de
PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR
1ª SESSÃO
PROC. 0478/94 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº
08/94, do
Vereador Jocelin Azambuja, que denomina Plenário Getúlio Dorneles Vargas a
Praça Cívica existente no Largo Valneri Antunes, situado em frente à Câmara de
Vereadores, e dá outras providências. Com
Emenda nº 01.
PROC. 0487/94 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº
10/94, do
Vereador Jocelin Azambuja, que declara de utilização pública o Círculo de Pais
e Mestres da Escola Municipal Senador Alberto Pasqualini.
PROC. 0603/94 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº
16/94, do
Vereador Nereu D’Ávila, que denomina Rua Prof. Aslid Gick um logradouro
irregular, localizado no Bairro Vila Nova.
PROC. 3108/93 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº
159/93, do
Vereador Mário Fraga, que altera a Lei nº 2312, de 15 de dezembro de 1961, que
cria o Departamento Municipal de Água e Esgotos.
PROC. 0526/94 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO
EXECUTIVO Nº 005/94, que altera dispositivos da LC nº 306, de 23 de dezembro de 1993, e dá
outras providências.
2ª SESSÃO
PROC. 3090/93 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 39/93, do Vereador Gerson Almeida,
que institui a Semana de Artes Plásticas Vasco Prado da Câmara Municipal de
Porto Alegre e cria o Prêmio Vasco Prado.
PROC. 0740/94 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO
LEGISLATIVO Nº 10/94, do Vereador Divo do Canto, que determina a obrigatoriedade da
colocação da numeração predial em local visível.
3ª SESSÃO
PROC. 1819/92 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº
146/92, do
Vereador Giovani Gregol, que institui o Dia da Amamentação no Município de
Porto Alegre e dá outras providências.
PROC. 0582/94 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº
013/94, do
Vereador João Bosco, que disciplina o uso de bicicletas nas praças e parques de
Porto Alegre.
O SR.
PRESIDENTE:
O Ver. Jocelin Azambuja está com a palavra para discutir a Pauta.
O SR. JOCELIN
AZAMBUJA:
Sr. Presidente, Srs. Vereadores, vamos nos manifestar, na discussão preliminar
de Pauta, sobre o Proc. nº 478/94, que apresentamos, que denomina Plenário
Getúlio Dorneles Vargas a praça cívica existente no Largo Valneri Antunes,
situado em frente à Câmara de Vereadores.
Desde aquele dia em que tivemos aquela Sessão
histórica do translado dos restos mortais do General Osório aqui, para o Rio
Grande do Sul, e ao assistirmos aquela Sessão naquele plenário cívico existente
em frente da Câmara de Vereadores, tocou-nos o fato de ele não ter nenhuma
denominação. Este ano, quando estávamos comemorando a morte do grande
Presidente Getúlio Dorneles Vargas, pareceu-nos o momento oportuno para
prestarmos uma homenagem desta Casa a esse homem público e político que teve
uma vida dedicada inteiramente à causa social deste País, à busca permanente do
desenvolvimento para a nossa Nação e que tem, sem dúvida, ao longo dos anos,
tido o reconhecimento público como um dos maiores estadistas brasileiros, um
dos políticos que realmente orgulha o Rio Grande do Sul e este País. Por isso
nos lembramos de, neste ano, nos quarenta anos de sua morte, prestar esta
homenagem e denominar aquele plenário, onde poderão e deverão ser realizadas
muitas Sessões deste Legislativo, como aquela do translado dos restos mortais
do General Osório.
O Sr. João
Dib: V.
Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Vereador, eu dizia,
neste Plenário, que ninguém é mais getulista do que eu. A homenagem que V. Exa.
pretende prestar, chamando o plenário de espaço vazio, me parece não ser a mais
correta. V. Exa. mesmo chama de praça cívica. Deveria haver uma reformulação
disso.
O SR. JOCELIN
AZAMBUJA:
Pelas consultas que fiz aos projetos da Casa, ali é uma praça cívica justamente
com o plenário existente para realização de atos e Sessões como aquela que foi
realizada. Nada melhor do que um plenário aberto ao povo porque se torna uma
praça cívica permanente, Ver. Pedro Américo Leal. Mas, se tecnicamente tivermos
que alterar alguma coisa, não há problema nenhum. Parece-nos que o lugar é
perfeitamente adequado a esse tipo de denominação e a esse tipo de homenagem.
Pelo menos foi o que senti no momento em que fizemos aquela Sessão no ano
passado. Tenho certeza de que ali serão desenvolvidas muitas Sessões, até
Sessões Especiais, para que o povo possa, de forma mais efetiva, participar até
do processo de integração com a Casa do Povo, com a Câmara Municipal de Porto
Alegre. Por isso que, desde já, gostaríamos de pedir o apoio de todos os
Vereadores em relação ao Projeto e prestarmos essa homenagem ao grande líder
nacional, ao grande trabalhista histórico, fundador do Partido Trabalhista
Brasileiro, o Presidente Getúlio Dorneles Vargas. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
Com a palavra, o Ver. Guilherme Barbosa para discutir a Pauta.
O SR.
GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, venho discutir, ainda sem posição
firmada - afinal, estamos no período preliminar de Pauta -, o Projeto de Lei do
Ver. Mário Fraga, Proc. nº 3108, que propõe ampliação do Conselho Deliberativo
do DMAE de um representante da Câmara de Vereadores de Porto Alegre. Há também
outros projetos para ampliar essa representação do Conselho Deliberativo do
DEMHAB e - não tenho certeza - do DMLU.
Devo dizer, inicialmente, que, quando
Diretor-Geral daquele Departamento Municipal de Água e Esgotos, propus ao
Prefeito Olívio Dutra e este encaminhou à Câmara a ampliação do nosso Conselho
Deliberativo com mais quatro entidades. Essas entidades eram: a UAMPA,
representando os usuários dos serviços do Departamento que não tinham nenhuma
representação formal do ponto de vista de uma entidade de usuários; o Departamento
Intersindical de Estatística - Instituto Social, DIEESE; a AGAPAN, como
entidade que atua na área do meio ambiente - e a relação das atividades do DMAE
com o meio ambiente são evidentes -; e, por último, a inclusão do SIMPA -
Sindicato dos Municipários -, que, evidentemente, também tem a ver com a
atuação de todos os órgãos municipais. Portanto, a idéia da ampliação do
Conselho Deliberativo para englobar as várias entidades e parcelas da população
é uma idéia que tem guarida, no meu ponto de vista. No entanto, eu questiono e
volto a dizer que não tenho posição firmada sobre este Projeto do Ver. Mário
Fraga, mas a Câmara de Vereadores tem um caráter muito determinado. A Câmara de
Vereadores tem uma função legislativa, é evidente, e tem uma função fiscalizadora
do Executivo. Se ela passa a ter representação em Conselhos Deliberativos dos
órgãos municipais, ela passa a ter um caráter de Executivo - portanto, saindo
da sua precípua atividade - e começa a ter uma relação muito complicada. Vejam:
como é que vai fiscalizar, depois, o DMAE e suas atividades, se ela própria já
tem representação dentro do Conselho Deliberativo? Então, a partir desse
raciocínio é que eu estou questionando - embora, repito, não seja uma posição
ainda totalmente firmada - essas representações.
O Sr. Pedro Américo Leal: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Nobre Ver. Guilherme Barbosa, V. Exa. tem razão. Nós não podemos,
ou não devemos, fiscalizar algo em que já estamos engajados e já temos um
fiscal nosso. Nós vamos passar a fiscalizar a nós mesmos, ou, então, o colega
que colocamos lá, se é que estou entendendo. Eu acho que o Ver. Mário Fraga
está equivocado e V. Exa. trouxe muito bem à tribuna esta cautela. Nós não
podemos ter representações de maneira alguma. Nós somos órgão fiscalizador.
Está na Lei Orgânica.
O SR.
GUILHERME BARBOSA: Acrescento, agradecendo a sua intervenção, que é um Conselho
Deliberativo. Aquele não é um Conselho Fiscalizador.
O Sr. Pedro
Américo Leal:
Mas é responsável.
O SR.
GUILHERME BARBOSA: Exato, e eu quero dizer com isso, reforçando esta linha de raciocínio,
que o representante da Câmara - não diz que é um Vereador, mas é evidente que
será - passa a ser também um agente de deliberação. Ele passa a ter funções de
Executivo. Portanto, fica realmente muito complicado. Como é que, depois, esse
mesmo Vereador que vem ao Plenário vai aprovar ou não as contas que virão do
Executivo, e ele, de certa forma, estará votando suas próprias decisões? Fica
muito complicado, e acho que não é essa a função da Câmara de Vereadores.
O Sr. Pedro
Américo Leal:
É um risco para nós. Qualquer lapso que ocorra lá somos responsáveis. Podemos
ser apontados pela imprensa como coniventes até. Acho que a Comissão de
Constituição e Justiça tem que ver com muito cuidado isso.
O SR.
GUILHERME BARBOSA: Deixo essa reflexão à Casa, mesmo que ainda tenhamos muito tempo para
debater. Era isso. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Comunico à Casa que o Ver.
Mário Fraga não comparecerá à Sessão por ter sido assaltado no dia de ontem,
sendo, inclusive, baleado. Mas passa bem.
Com a palavra, o Ver. João Dib para discutir
a Pauta.
O SR. JOÃO
DIB: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, a minha inteira solidariedade ao Ver. Mário
Fraga, assim como a do Ver. Pedro Américo Leal, pelo incidente profundamente
desagradável que viveu.
Realmente, disse que sou getulista, e sou por
convicção. Até, quando fui Secretário pela primeira vez, fiz, às minhas
próprias expensas, um bloco de memorando que trazia uma frase de Getúlio
Vargas, que dizia o seguinte: "É preciso trabalhar, trabalhar com
dignidade, trabalhar com abnegação, trabalhar como trabalham as abelhas que
fabricam o mel, não para si, mas para a colméia." E não sei se a proposta
do Ver. Jocelin Azambuja denominando Plenário Getúlio Vargas essa praça cívica
existente no Largo Valneri Antunes seja uma homenagem que deva ser prestada. Eu
não acredito que uma cidade que tenha uma Av. Getúlio Vargas possa pretender
essa homenagem. Eu manifesto sérias dúvidas quanto à validade do que se
pretende agora.
Quanto à proposição do Ver. Mário Fraga de
colocar alguém no Conselho Deliberativo do DMAE, já tenho manifestado
permanentemente a minha contrariedade a que a Câmara venha a participar de
Conselhos, porque a Câmara só pode se representar por um Vereador, o mesmo que
depois há de fiscalizar aquela instituição. Eu acredito que não deve prosperar
este Projeto de Lei do Ver. Mário Fraga, porque não tem sentido.
Também há o Projeto de Lei do Ver. Divo do Canto, que determina a obrigatoriedade da numeração predial em local visível. Eu não conheço o Projeto, mas é sempre colocada em local visível, mas, às vezes, a numeração é tão pequena, que a gente não encontra. E pode, no momento da colocação, estar visível; depois, cresce uma árvore na frente. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
Encerrada a Pauta. Aproveitando a presença de vinte e três Vereadores, comunico
que ontem foi reinaugurado, reentregue o espaço cultural do Salão Glênio Peres.
Os Srs. Vereadores têm esse espaço à sua disposição.
O SR.
GUILHERME BARBOSA (Questão de Ordem): Eu
estive visitando o Salão Glênio Peres e acho que ficou muito qualificado, só
que não há som fixo. Será encaminhado posteriormente?
O SR.
PRESIDENTE:
Certamente. Faz parte do projeto total. Ele foi inaugurado ontem para
determinados eventos ou pequenas reuniões.
Havendo quórum, passamos à
ORDEM DO DIA
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO
PROC. 2370/92 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº
070/92, que
autoriza a venda de imóvel, independentemente de licitação, a Lourenço Otto
Schorr e Milton Moreira Fraga. (Com
Emenda nº 01)
PARECERES:
-
da CCJ. Relator, Ver. Jair Soares:
pela aprovação do Projeto com a Emenda nº 01;
-
da CFO. Relator, Ver. João Verle:
pela aprovação do Projeto com a Emenda nº 01;
- da CUTHAB.
Relator, Ver. Clóvis Ilgenfritz: pela aprovação do Projeto com a Emenda nº
01.
Obs.: - é exigida a maioria de
votos favoráveis para aprovação (art. 82,
§ 1º, inciso VIII, da LOM.
O SR.
PRESIDENTE:
Em discussão. (Pausa.) Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam o
PLE nº 070/92 permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
Em votação a Emenda nº 01, de autoria do Ver.
Jair Soares, ao PLE nº 070/92. Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADA.
Requerimento, de autoria do Ver. João Verle,
solicitando que o PLE nº 070/92 seja dispensado de distribuição em avulsos e
interstício para sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta data.
Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o
aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO
PROC. 2472/93 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº
071/93, que
estabelece o montante da reserva de índice construtivo, para fins de alienação
e o respectivo Plano de Distribuição.
PARECERES:
-
da CCJ. Relator, Ver. João Motta:
pela aprovação;
-
da CFO. Relator, Ver. Antonio
Hohlfeldt: pela aprovação;
- da CUTHAB. Relator, Ver. Lauro Hagemann:
pela aprovação.
O SR.
PRESIDENTE:
Em discussão. (Pausa.) Não havendo quem queira discutir, vamos colocá-lo em votação.
Em votação. Com a palavra, o Ver. Clóvis Ilgenfritz para encaminhar.
O SR. CLÓVIS
ILGENFRITZ:
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nós temos consciência de que este Projeto é
importante para a Cidade, mas nós não podíamos deixar de vir à tribuna, como membro
da bancada do Governo, para registrar, mais uma vez, a importância daquilo que
nós costumamos chamar de venda de índices.
Este é um Projeto de Lei que obedece a uma
legislação de 1987 - portanto, ainda do Governo Collares na Prefeitura
Municipal e que, inteligentemente, coloca à venda o que nós chamamos de
"sobra de índices", ou reserva de índices, para que esses recursos
sejam repassados ao Fundo Municipal de Desenvolvimento Urbano.
Nós, como participantes da CUTHAB, tendo em
vista o parecer do Ver. Lauro Hagemann, e também como ex-Secretário do
Planejamento, temos uma familiarização grande com esse processo. A filosofia
desse processo tem algo a ver com o que hoje está sendo estabelecido na Cidade
também, mas que é um outro tipo de projeto, que é a venda de índices
construtivos. Esse não é mais solo criado, não é mais índices a serem
construídos numa área, e, sim, os índices que poderiam ser aproveitados e que o
Plano Diretor, nas suas unidades territoriais de planejamento, prevê um índice
de aproveitamento "x" em cada área. E há áreas que foram
desapropriadas. Existem praças, as avenidas, que o próprio Plano Diretor
projetou. Essas áreas, obviamente, não estão ocupadas com esses índices. Eles
então podem, por essa lei, serem colocados à venda por uma licitação pública. E
esses recursos claro que são escolhidos, de acordo com a legislação, por áreas
do Município onde esses índices realmente existem. Por exemplo: a área do
Moinhos de Vento é uma das áreas onde sobraram mais índices e já foi licitada por
mais de uma vez e houve uma venda bastante grande, e essa venda resultou num
recurso bastante importante, que foi para o Fundo Municipal de Desenvolvimento
Urbano, que, por sua vez, deve apresentar... E aí nós, Vereadores, e queria
dizer até como membro do Governo, devemos cobrar do Executivo Municipal que
realmente os recursos do Fundo Municipal de Desenvolvimento Urbano sejam
aplicados o quanto antes nas áreas de interesse social.
Uma das discussões que houve aqui... O Ver.
Lauro deve lembrar muito bem daquela emenda que foi polêmica com relação à
seleção. Nós tivemos, realmente, uma discussão grande aqui, e acho que ela se
deu em cima de que a Cidade precisava de recursos para desapropriar áreas para
habitação, para comprar terras e para fazer uma reserva de terras para
habitação. E os recursos deste Projeto também são para isso: em torno de 50%
são programados pela Secretaria do Planejamento, vão para o Sr. Prefeito e vêm
para a Câmara para serem aplicados em desapropriações, para escolas e para
habitações e para o saneamento básico, fundamentalmente.
Então, para encerrar, Sr. Presidente, eu
queria dizer que as áreas serão escolhidas, desta vez, criteriosamente através
do setor de avaliações da Prefeitura e que, do nosso ponto de vista... Está
aqui o Engenheiro Breno Ribeiro, que é um dos principais Supervisores da
Secretaria, um dos principais técnicos da área, e veio, inclusive, colocar-se à
disposição dos Srs. Vereadores, em nome do Secretário do Planejamento, para
algum esclarecimento, mas comunicamos a ele que não há necessidade, porque o
Projeto, que merece a unanimidade da Casa, do nosso ponto de vista, não é um
projeto novo, mas é uma seqüência de projetos que, de tempos em tempos, a
Prefeitura pode e deve enviar para esta Casa em função de uma lei aprovada em
1987.
Era isso, Sr. Presidente. Nós sugerimos a
aprovação do Projeto. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: O
Ver. Milton Zuanazzi está com a palavra para encaminhar o PLE nº 071/93.
O SR. MILTON
ZUANAZZI: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, nada como um dia após o outro. Eis a importância
do processo democrático. Essa discussão de índices, em função do Plano Diretor
da Cidade, já foi um dogma em Porto Alegre. Eu digo "já foi" porque
parece que nós estamos rompendo com essas caixas-pretas, com essas questões
fechadas, com os absolutismos.
No ano passado, esta Casa fez um conjunto de
discussões sobre essa problemática da Cidade. Nós não podemos mais ter essas
visões maniqueístas de que em qualquer projeto de desenvolvimento está por trás
um interesse econômico específico. Por trás de qualquer projeto, no mundo
capitalista, há uma atividade específica. Não há outra regra. O que nós temos
que pensar para o futuro da Cidade é como legislar o crescimento da Cidade,
Ver. Geraldo de Matos Filho, sem prejudicar a qualidade de vida do cidadão. Nem
ao céu nem à terra. Nem o Plano Diretor de 1977 foi ruim para a Cidade - muito
pelo contrário, Porto Alegre hoje deve um bom padrão a determinados conteúdos
daquele Plano Diretor - nem também ele é perfeito, incapaz de ser alterado. Até
há cinco, seis anos, isso era um dogma, que está sendo destruído, e o Prefeito
Tarso Genro tem sido um colaborador na destruição desse dogma. Projeto similar,
há sete anos, entrou nesta Casa pelo Prefeito Alceu Collares. Foi profundamente
bombardeado. Eis aí o dogma. Não podia ser; havia interesses econômicos; por
trás, havia alguma coisa. Os índices, parafraseando o ex-Ministro do Trabalho,
eram "imexíveis". Não só não era imexível o Plano como já mexemos bastante
nele, mas temos que saber os limites para parar e para avançar, Ver. Giovani
Gregol.
Diz um estudo da Fundação de Economia e
Estatística do Estado que, no ano 2000, em torno de 40%, 50% da população de
Porto Alegre estarão morando de forma irregular. Este é um dado - e um dado
impressionante - que precisamos analisar. Nós, os legisladores, neste momento,
seis anos antes, já sabemos que 30% moram de forma irregular, que não há essas
condições de moradia, que a Cidade precisa de algum nível de alteração. Então,
eu procuro estudar e analisar este Projeto. Li todos os pareceres,
principalmente o da CUTHAB, do Ver. Lauro Hagemann, que se debruçou sobre esse
assunto já desde a questão do solo criado, e venho à tribuna defender o voto
favorável. Acho que estamos evoluindo para um ponto onde vamos manter
determinadas áreas residenciais, com as suas características de bem-estar, e,
dentro dessas áreas residenciais, nós vamos determinar espaços comerciais, para
escritórios, para estabelecimentos de profissionais liberais, de médicos,
etc... No fim, há um benefício para o próprio morador do bairro residencial.
Hoje, não se tem mais aquela idéia de quinze anos atrás, de que "eu moro
num bairro residencial e ando cinco, dez quilômetros para ir ao supermercado,
para ir no sapateiro, vinte quilômetros para ir à farmácia." Hoje se tem a
idéia de que "eu moro em bairro residencial e é sempre possível fazer
todas as necessidades principais da minha atividade próximo a mim." Nós
temos que dar essa capacidade ao bairro residencial, sem retirar dele a
qualidade de vida. De forma que o nosso pronunciamento é favorável a essa
alteração, e todo projeto que vier nesse sentido vai merecer de nós esse estudo
e a crítica, se entendermos que não é correto.
Finalizo, dizendo que isso também vem
viabilizar uma discussão que tivemos aqui nesta Casa sobre o instituto do solo
criado, que é o Fundo Municipal de Desenvolvimento. Não adianta criarmos um
fundo que não tem dinheiro. Já na revisão desses índices vamos estar
estabelecendo quantias para esse Fundo Municipal de Desenvolvimento, que tem
projetos na área da habitação popular, para a população de baixa renda. De
forma que encaminhamos a favor. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
O Ver. João Dib está com a palavra para encaminhar o PLE nº 071/93.
O SR. JOÃO
DIB: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, palavras são palavras, metros quadrados são metros
quadrados. E a grande imobiliária desta Cidade chama-se Prefeitura Municipal de
Porto Alegre. Antes de ontem, recebíamos comissões da Sociedade de Engenharia,
do IAB e outras entidades ligadas à construção civil, reclamando da
não-reavaliação do Plano Diretor desta Cidade. Mas nós vendemos metros
quadrados e não fazemos as obras necessárias deste Plano Diretor, que agora
está sofrendo mais uma alteraçãozinha.
Aquela história de Plano Diretor feito para
fazer uma cidade melhor, para um crescimento mais ordenado, de repente, faz
essas coisas. Então, esta Administração, que não faz perimetrais, que faz nada,
que não investe nas perimetrais, inferniza a vida dos moradores que tinham uma
qualidade de vida boa. É o caso da Praça do Japão. Não se faz a perimetral, mas
se faz a infernização dos moradores de vias alternativas. Não se faz o
alargamento da D. Pedro II porque, segundo o Prefeito, custa um milhão e 900
mil dólares, o que não é verdade, não é verdade, mas vai se gastar 300 mil
dólares, segundo ele, na Carlos Von Koseritz. Se me derem os 300 mil dólares,
eu vou alargar a D. Pedro II e vai sobrar dinheiro para a Cidade.
Na realidade, é um momento de reflexão. Eu
sei que vai ser aprovada a venda de índices, mas a aplicação é péssima, e a
idéia também não é das melhores. De qualquer forma, eu sei que o Plenário vai
aprovar e não vai ter a minha objeção, não. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Está com a palavra o Ver.
Jocelin Azambuja para encaminhar o PLE nº 071/93.
O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, essa questão que envolve índice de construção em Porto Alegre e
Plano Diretor sempre foi matéria muito discutida e analisada por toda a
sociedade. Sempre sentimos o povo um tanto reticente em relação à Câmara de
Vereadores e às grandes empresas do setor imobiliário. Sempre que se mexia no
Plano Diretor, que se fazia alguma coisa nesta área, ficavam pairando no ar
certas dúvidas. Isso não mudou. O povo continua com o mesmo sentimento. Sempre
parece que há uma negociação particular de alguém com outros para beneficiar
alguns.
Esta semana recebemos aqui, na Câmara, numa reunião da Mesa com as
Lideranças, o pessoal do Sindicato da Construção Civil, do IAB, enfim, de todas
as entidades dessa área. Naquela reunião foram colocadas essas questões e ali,
diante dos colegas Vereadores, engenheiros e arquitetos desta Casa, as
entidades se manifestaram na busca de uma ampla revisão do Plano Diretor e da
legislação existente. Queixaram-se da burocracia e da morosidade que existem
nos órgãos públicos municipais para a liberação de projetos, dos prejuízos que
as empresas têm tido.
Ontem, casualmente, numa solenidade, encontrei um amigo que trabalha na
área da construção civil, que levou meses para conseguir dois financiamentos em
bancos - e conseguir financiamento para construir prédios neste País não é
fácil - e ele tem os projetos trancados por pura burocracia, por
desestruturação, por falta de aparelhagem da Secretaria de Meio Ambiente e de
outras estruturas do Município. Mas o importante naquela reunião é que todas
essas entidades procuraram a Câmara dos Vereadores, o conjunto dos Vereadores,
o conjunto dos partidos, para procederem a um trabalho de reforma da legislação
existente, porque o que nos interessa como cidade é preservar o nosso meio
ambiente, preservar o nosso cidadão, preservar a nossa Cidade, mas, ao mesmo
tempo, não prejudicar o desenvolvimento da Cidade nesse momento de crise, que a
construção civil se desenvolva de forma positiva, porque é uma das áreas que
mais utiliza a mão-de-obra. Precisamos reativar tudo isso.
O aspecto positivo é não virem projetos isolados. De repente, foi feita
uma discussão de um grupo da construção civil com o Executivo, ou um grupo da
construção civil com um Vereador, ou com outro Vereador, com um partido, ou com
outro partido. Isso deve acabar. Sou totalmente favorável à posição que as
entidades trouxeram para a Casa, que vai dar um novo passo a essa relação, uma
relação séria, firme, positiva, do interesse da Cidade. Ali, nós propusemos que
fizéssemos uma reunião em nível de Câmara de Vereadores e essas entidades, que
as entidades fizessem uma discussão com o Executivo Municipal e,
posteriormente, fecharíamos, dentro de uma outra proposta do Ver. Nereu
D’Ávila, de fazermos uma discussão com o conjunto - Executivo, Legislativo e
entidades - e aí chegarmos a um projeto único que poderá ser encaminhado pelo
Executivo. Não quero saber das negociações paralelas nessa área.
A nossa bancada vai aprovar o Projeto, porque já pegamos o bonde
andando, como se diz, mas acho que, a partir do momento em que as entidades
estiverem conversando com o Sr. Prefeito, que demonstrou todo o interesse nesse
processo, estiverem conversando com o Presidente da Casa, com a Mesa e todas as
Lideranças, que demonstraram interesse no processo, nós vamos passar a ter em
Porto Alegre uma nova relação de seriedade, de discussão e de decisão positiva
para a Cidade de Porto Alegre. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Em votação o PLE nº 071/93.
Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO, com abstenção do Ver. João
Dib.
Requerimento, de autoria do Ver. João Verle, solicitando que o PLE nº
071/93 seja dispensado de distribuição em avulsos e interstício para sua
Redação Final, considerando-a aprovada nesta data.
Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADO.
Requerimentos encaminhados à Mesa.
Voto de Congratulações, de autoria do Ver. Giovani Gregol, com a Zero
Hora Editora Jornalística S.A., pela série de reportagens sobre o aniversário
da Cidade, dando ciência da decisão da Casa à homenageada, na pessoa de seu
Diretor de Redação, Sr. Augusto Nunes.
Em votação. O Ver. Giovani Gregol está com a palavra para encaminhar.
O SR. GIOVANI GREGOL: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, em primeiro lugar, quero esclarecer - e gostaria que a Mesa e os
Srs. Vereadores prestassem atenção, apesar de hoje ser um dia outonal buliçoso,
ensolarado, de mudanças de temperatura - e ressaltar aos Srs. Vereadores, por
exemplo, que a cópia da requisição que tenho aqui em nenhum momento cita o
cidadão Augusto Nunes. Não sei por que obra e graça esse nome apareceu na minha
requisição. Vou ler a requisição: "Sr. Presidente, o Vereador que este
subscreve requer a V. Exa. que, após os trâmites regimentais, seja manifestado
Voto de Congratulações para a Zero Hora Editora Jornalística em função da série
de reportagens 'O Aniversário da Cidade'. Essa reportagem serviu para informar
e contar aspectos relevantes da nossa história e cultura e divulgar os projetos
relacionados ao futuro da nossa Cidade." Esse é o texto que encaminhei à
Mesa, e essa é a intenção deste Vereador. É em função de uma série específica
de reportagens. É isso que temos que discutir agora. Se os Vereadores, bem
informados que são, leram ou não leram, conhecem ou não conhecem a série, é
isso que tem que ser discutido. Quero aqui justificar a minha moção.
O SR. GUILHERME BARBOSA
(Questão de Ordem): Em face do colocado pelo Ver. Giovani Gregol, que não corresponde
exatamente ao Requerimento que está na Mesa, proporia o adiamento por uma
Sessão a fim de explicar que a homenagem é aos repórteres que produziram a
série.
O SR. NEREU D’ÁVILA (Questão
de Ordem):
Eu quero saber da Mesa, pois o fato é grave. Alguém está mentindo. Está aqui,
assinado pelo Ver. Giovani Gregol, com data de 5 de abril, incluindo o Sr.
Augusto Nunes, e agora ele vem com outro documento na tribuna. Então, houve
adulteração do documento, o que exige uma sindicância.
O SR. JOÃO DIB (Questão de
Ordem): Já
que se falou em acusações e sindicância, é bom que se diga que o querido Ver.
Gregol assinou o documento.
O SR. PRESIDENTE: Pergunto ao Ver. Giovani
Gregol se essa assinatura é realmente dele para darmos prosseguimento à Questão
de Ordem solicitada pelo Ver. Guilherme Barbosa.
O SR. JOÃO MOTTA (Questão de
Ordem): Eu
li os dois Requerimentos e não entendo qual é a polêmica que se instalou no
Plenário. Todo Requerimento é uma exigência formal e regimental e deve sempre
constar, no seu teor, a quem está sendo endereçado. Se, por exemplo, eu estiver
encaminhando ao Congresso Nacional, eu não posso encaminhá-lo a qualquer
pessoa; devo encaminhá-lo ao Presidente da Câmara dos Deputados ou ao
Presidente do Congresso. Portanto, não está sendo homenageado, neste caso, e
acho que é esta a confusão que se instalou no Plenário, especificamente a
pessoa do Sr. Augusto Nunes. Acontece que há uma exigência regimental de que seja
endereçado a alguém. O teor do Requerimento é uma homenagem à "Zero
Hora" ou a RBS. Ele, no caso, está sendo encaminhado à "Zero
Hora", na pessoa do Sr. Fulano de Tal. Se há uma divergência de que outra
pessoa pode receber o Requerimento, podemos até notificar, mas não vamos fazer
uma polêmica onde ela não existe.
O SR. PRESIDENTE: Solicito ao Ver. Giovani
Gregol que reconheça ou não a assinatura do documento.
O SR. GIOVANI GREGOL: Eu tenho dois documentos
aqui, os dois com o carimbo do Protocolo da Casa. De fato, conferindo as
assinaturas que constam nos dois documentos, são, efetivamente, minhas: uma, da
proposta de moção que eu encaminhei à Mesa, e outra, do encaminhamento que é
assinado, normalmente, aqui no Plenário. Pelo que eu vejo da redação, da qual
retomei conhecimento pela leitura feita pelo Sr. Secretário, é exatamente o
caso a que se refere o meu colega Ver. João Motta: é endereçado a uma pessoa,
mas não homenageia essa pessoa. No caso, é exatamente como ele ressaltou.
O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL
(Questão de Ordem): Peço que se leia o texto do Requerimento do ilustre Vereador, porque
endereçar é uma coisa, incluir no bojo a pretensão de elogio é outra. Eu queria
ouvir isso. Aí, posso distinguir.
O SR. PRESIDENTE: Respondendo a uma Questão
de Ordem feita pelo Ver. Guilherme Barbosa, eu devo dizer o seguinte: Ver.
Guilherme Barbosa, os dois documentos são assinados pelo Ver. Giovani Gregol.
Neste caso, não existe nenhuma adulteração, nada que tenha sido feito no
sentido de prejudicar o Vereador. Pode ter havido um erro na redação, ou o
Vereador que assinou o documento inovou a que era exatamente a redação
perfeita. Mas não é culpa da Mesa.
O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Eu pediria, por favor, que
fosse lido o Requerimento.
O SR. PRESIDENTE: Vai ser lido, Vereador.
O SR. GUILHERME BARBOSA: Sr. Vereador, Presidente
Luiz Braz, apenas para registrar: em nenhum momento afirmei isso. Para que não
fique qualquer suspeita.
O SR. PRESIDENTE: A Questão de Ordem de V.
Exa. estava correta, mas, na verdade, eu tinha que esclarecer, porque a Mesa
ficou sob suspeita. De qualquer forma, peço ao Ver. Wilton Araújo que leia o
documento.
O SR. WILTON ARAÚJO: Vamos ler, pela terceira
vez, o documento que tem a assinatura do Ver. Giovani Gregol. (Lê o
Requerimento.)
O SR. JOÃO MOTTA (Questão de
Ordem):
Esse Requerimento que o Sr. 1º Secretário acabou de ler é o Requerimento já
processado. O primeiro que entrou é que gostaria que lesse - está nas mãos do
Secretário -, onde fica a intenção do legislador. Não tem nenhuma alusão a nome
nenhum. Fica claro, no primeiro Requerimento, que ele quer homenagear a
"Zero Hora".
O SR. PRESIDENTE: Ver. João Motta, o que
temos que esclarecer é o seguinte: os dois documentos estão assinados pelo Ver.
Giovani Gregol e só posso colocar em votação o documento que é assinado depois
de processado, que vem aqui e é entregue para o Vereador assinar. O Vereador,
quando assina, lê o documento novamente. Pelo menos, leio os documentos que
assino. O Ver. Giovani Gregol assinou o documento e reconheceu da tribuna que o
documento estava assinado por ele. Então, o documento é real, existe, está
aqui. O Vereador pode modificar.
O SR. GIOVANI GREGOL: Se os Vereadores estão
satisfeitos, gostaria de retomar o meu tempo. Realmente, é assim como o
Vereador falou. Mas vou reler - já li antes da interrupção da moção deste
Vereador -, com o carimbo do Protocolo da Casa, assinado pelo responsável, às
9h do dia 28-3. Vou ler:
"Sr. Presidente, o Vereador que este subscreve requer a V. Exa.
que, após os trâmites regimentais, seja manifestado Voto de Congratulações para
a Zero Hora Editora Jornalística S.A." Por quê? Aqui vem o crucial. Não
vamos nos atentar no acessório e não prestar atenção no que interessa:
"pela série de reportagens 'O Aniversário da Cidade'." Série de
reportagens que os Vereadores devem lembrar, ou, se não lembram, procurem nos
seus arquivos ou nos arquivos da Câmara - belíssima série de reportagens, muito
útil, inclusive, a toda a cidadania de Porto Alegre e de fora e,
principalmente, a nós, cidadãos, que temos a obrigação de nos preocupar com o
passado, presente e somos responsáveis pelo futuro. Tudo isso é resgatado nessa
série de reportagens sobre o aniversário da Cidade. Continuando a leitura:
"Essas reportagens serviram para informar, contar aspectos relevantes da
nossa história e cultura e divulgar os projetos relacionados ao futuro da nossa
Cidade. Porto Alegre, 28 de março." Eu assino.
O SR. PRESIDENTE: Questão de Ordem com o Ver.
Eliseu Santos.
O SR. ELISEU SANTOS (Questão
de Ordem):
É mais para esclarecer. Eu tenho feito vários pedidos com uma redação própria,
só que, quando volta para eu assinar, vem com uma redação característica da
Casa, e eu já perguntei e me responderam que isso é uma norma. Eu acho que o
Ver. Giovani Gregol não teve intenção de burlar nada. Houve apenas uma redação
específica da Casa.
O SR. PRESIDENTE: Ver. Eliseu, isso não é uma
Questão de Ordem. Eu peço, por favor, que só interrompa o orador na tribuna
quando for uma Questão de Ordem, porque senão não temos como ordenar os
trabalhos da presente Sessão.
O SR. GIOVANI GREGOL: Bom: eu agradeço o aparte,
talvez pouco regimental, em que o Ver. Eliseu quis apoiar, e é exatamente essa
a nossa intenção. Aliás, é isso que está em questão, mas, já que surgiu este
debate, quero dizer, em caráter eminentemente pessoal, que não falo aqui em
nome da Bancada, neste momento, apesar de ser Vice-Líder. Eu estranho,
inclusive, essa resistência, digamos assim, a essa pessoa que ocupa um cargo,
mal ou bem gostem alguns, ou não gostem, mas o Sr. Augusto Nunes é Chefe de
Redação de um dos mais importantes jornais hoje, neste País, de maior
circulação neste País. Então, vou fazer o seguinte: como foi criada,
artificialmente, essa pequena polêmica, essa pequena celeuma, quero homenagear
a "Zero Hora" em função de uma questão específica. Acho que devo e
tenho esse direito e aceito discutir o mérito com qualquer Vereador, mas vou
pedir o adiamento, Sr. Presidente, por uma Sessão dessa votação e vou retirar,
se for possível...
O SR. PRESIDENTE: Não é possível o adiamento.
O SR. GIOVANI GREGOL: Então, irei retirar e
remeter aos Vereadores que criaram essa celeuma. Que eles indiquem, então, uma
pessoa, seja ela Jaime Sirotsky ou Ione Pacheco Sirotsky. Pode ser quem eles
quiserem, e eles que digam, já que eles que reclamaram. O Ver. Nereu D’Ávila,
por exemplo, que diga quem, em nome de "Zero Hora", vai receber essa
homenagem. Eu vou acatar, Vereador, porque a minha intenção não é trazer de
alardão, prejudicar ou ser preconceituoso com esse ou com aquele. A minha
intenção é homenagear uma série jornalística que foi muito clara, importante,
resgatando aspectos muito importantes da nossa história e para o futuro da
nossa Cidade.
O SR. WILTON
ARAÚJO (Questão de Ordem): Sr. Presidente, a minha questão é no sentido de que a Mesa recolha os
apanhados taquigráficos, porque não sei se é impressão só deste Vereador, mas
quem criou a polêmica foi o Vereador autor. Então, eu gostaria de identificar
exatamente em que momento e qual Vereador criou a polêmica para que nós
pudéssemos ter a segurança, e serenidade da Mesa, de que não houve nenhum tipo
de encaminhamento contrário à proposta do Vereador.
O SR.
PRESIDENTE:
Os apanhados taquigráficos eu peço que, por favor, sejam endereçados para a
Diretoria Legislativa.
O SR. GIOVANI
GREGOL: Não
tem problema. Eu peço a retirada e vou aceitar de qualquer Vereador sugestões
quanto a quem devo denominar ou quem deve ser nominado para que se envie o
comunicado. A mim pouco importa, desde que seja homenageada a "Zero Hora"
pela publicação dessa belíssima série sobre a história da nossa Cidade. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Está retirado o
Requerimento do Ver. Giovani Gregol. Dessa forma, nós cancelamos os
encaminhamentos que por ventura ocorreriam com relação ao Requerimento que
estava sendo discutido da tribuna.
Sobre a mesa, Requerimento assinado pelo Ver. Pedro Ruas, que é
Vice-Líder da Bancada do PDT: "Na qualidade de Vice-Líder da Bancada do
PDT deste Legislativo, requeiro a V. Exa, nos termos do art. 218, inciso I, do
Regimento desta Câmara Municipal, licença para o Ver. Mário Fraga para o dia de
hoje. Outrossim, informo que o referido pedido se justifica ao fato público e
notório de que o citado edil foi vítima de assalto e agressão com arma de
fogo."
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente, eu sou
absolutamente favorável a esse encaminhamento. Eu só indago a V. Exa se isso
está previsto no nosso Regimento Interno, até porque, se não estiver... Eu não
pretendo complicar - pelo contrário -, mas acho que depois teremos que fazer
imediatamente uma emenda para prever essa situação, apenas para que nós não
venhamos a criar, no futuro, um problema ao próprio Ver. Mário Fraga. A minha
única preocupação é se nós temos previsto no Regimento Interno uma situação em
que um Líder, Vice-Líder, em nome de um seu comandado, possa fazer, encaminhar
o pedido, e eu quero dizer que sou absolutamente favorável, tanto do ponto de
vista formal quanto do mérito. Agora: só quero precaver é no sentido de que
daqui a pouco teremos um problema futuro contra o Ver. Mário Fraga, que não tem
nada com a história. Apenas a minha preocupação, porque nós temos o aspecto
legal de que a Mesa tenha como tarefa uma modificação imediata no Regimento
Interno no sentido de prever esse tipo de situação.
O SR. PRESIDENTE: Ver. Antonio Hohlfeldt, nós
já tivemos casos idênticos aqui na Casa. Já foram registrados, muito embora não
estejam expressos no Regimento Interno. V. Exa. tem razão com relação a isso,
mas é um fato notório, publicado, inclusive, não nos jornais, mas pelo setor de
informações da Brigada Militar.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Então, eu me permitiria,
Sr. Presidente, requerer formalmente a V. Exa., na condução da Presidência, que
a Mesa providenciasse uma modificação no Regimento Interno no sentido de
expressar essa situação, porque eu acho que, de repente, pode haver uma glosa
no Tribunal de Contas e vai acabar afetando o Vereador, que, evidentemente, não
tem a responsabilidade da situação. A minha preocupação é com o Ver. Mário
Fraga ou com qualquer outro que esteja numa situação dessas. Eu voto a favor,
evidentemente. Não é a idéia de complicar, mas eu acho que é da nossa obrigação
prevermos essa situação, e eu requereria a V. Exa., enquanto Presidente da
Casa, através da Mesa, que já se fizesse a modificação necessária do Regimento,
prevendo que, em caso de absoluta impossibilidade do Vereador interessado, a
Liderança ou a Vice-Liderança possa encaminhar o pedido. Sou favorável, mas
acho que prevenirmos é importante para a Casa.
O SR. PRESIDENTE: Nós vamos encaminhar essa
modificação no Regimento. Eu acho que V. Exa. tem razão. Não está expresso,
realmente, no Regimento da Casa, muito embora já tenha sido utilizado outras
vezes.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Porque veja, Vereador: o
Poder Público é diferente do Privado. No Poder Público só se pratica o que está
expresso; no Poder Privado só é proibido o que estiver expressamente proibido.
Nós só temos poder de fazer aquilo que está expressamente indicado e, não estando
expressamente indicado, evidentemente nós estamos indo contra a lei. Eu estou a
favor, mas acho que devemos nos precaver para o futuro.
O SR. PRESIDENTE: Ver. Hohlfeldt, nós não
temos dúvida nenhuma dessa lição que foi aplicada por V. Exa. da sua tribuna.
Não temos dúvida nenhuma disso, só que, na verdade, temos uma questão para ser
resolvida, e a única forma que temos para resolver, neste momento, é essa.
Acolho o que V. Exa. disse. Vamos encaminhar um texto para alterar o Regimento
Interno ou para precaver essa lacuna que existe. Agora: já houve, dentro da
Casa, atitudes semelhantes.
Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADO.
Ver. Pedro Ruas, Vera Maria do Rosário, Ver. Antonio Hohlfeldt, uma
dúvida que foi levantada aqui, no Plenário, e, como surgiu no Plenário, faço
questão que ela seja também dirimida no Plenário e receba aqui, da Diretoria
Administrativa, do setor competente, que a redação dos Requerimentos, que o
texto do Requerimento do Ver. Giovani Gregol é exatamente como o Vereador disse
da tribuna, só que, como não tinha a quem encaminhar, a Diretoria
Administrativa entrou em contato com o gabinete do Ver. Giovani Gregol e
recebeu da sua Assessoria o seguinte texto: "Dando-se ciência da decisão da
Casa à homenageada, na pessoa do seu Diretor de Redação, Sr. Augusto Nunes, na
Av. Ipiranga." Então, a Assessoria do seu Gabinete é que ditou para a
Diretoria Administrativa. Acho que é importante isso, Vereador, já que a
polêmica foi iniciada e acredito que temos por obrigação trazermos aqui
solução.
O SR. 1º SECRETÁRIO: Requerimento de autoria do
Ver. João Motta para que o Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 04/94
seja considerado em regime da urgência e submetido à reunião conjunta das
Comissões de Constituição e Justiça, Finanças e Orçamento e de Urbanização,
Transportes e Habitação.
O SR. NEREU D’ÁVILA (Questão
de Ordem):
Gostaria de saber da Mesa ou da Comissão de Justiça, na pessoa do Sr.
Presidente, que estou ouvindo... Acho que este é o terceiro pedido de urgência
que tem que ser submetido à reunião das Comissões. Isso tem prazo? É pela
entrada dos documentos para ser submetido à Presidência da Comissão de Justiça
e às Comissões? É por ordem de precedência? Tem prazo ou fica a critério do
Presidente da Comissão?
O SR. PRESIDENTE: Não existe nenhuma regra,
pelo menos no Regimento, que determine que seja por antecedência ou por chegada
de documento.
O SR. NEREU D’ÁVILA: Então, eu requeiro. Na
semana passada, eu fiz um de urgência e gostaria da precedência.
O SR. PRESIDENTE: V. Exa. fez um Requerimento
de urgência na semana passada e não foi votado?
O SR. NEREU D’ÁVILA: Já foi votado.
O SR. PRESIDENTE: Então, já deve estar na
Comissão de Justiça e deve estar correndo o prazo necessário. V. Exa. pergunta
se existe o prazo depois da votação? Três Sessões é para a Redação Final. O
relator tem cinco dias, depois de distribuída a matéria, para o parecer. Depois
é feita a reunião conjunta para apreciar o parecer. Tem cinco dias de prazo, depois de distribuída, para o
relator.
O SR. NEREU D’ÁVILA: Então, o imediato
prosseguimento da aprovação do Requerimento e nomeação tem que ser pelo
Presidente da Comissão?
O SR. PRESIDENTE: Exatamente. E, depois,
cinco dias de prazo para que ele possa dar parecer. Aí se formam as Comissões,
a reunião das Comissões para a votação. Existe o prazo.
O Ver. João Motta está com a palavra para encaminhar seu Requerimento
de urgência para o PLCE nº 04/94.
O SR. JOÃO MOTTA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, eu gostaria de esclarecer ao Plenário que este Requerimento que
estou fazendo neste momento é objeto de uma visita que foi feita aqui, se não
me falha a memória, nesta semana, de uma comissão de representantes de
cooperativas que contataram, um por um, os Srs. Líderes. Portanto, eu só estou
fazendo este Requerimento, depois da anuência expressa do Ver. João Dib e de
outras Lideranças, para que agilizássemos o encaminhamento e a tramitação desse
processo. Faço este encaminhamento em nome do bom relacionamento entre os
Vereadores, até para deixar claro ao Plenário do que se trata. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Em votação o Requerimento
do Ver. João Motta. Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados.
(Pausa.) APROVADO.
(Obs.: Foram aprovados os demais
Requerimentos constantes na Ata.)
Com a palavra, o Ver. Nereu D’Ávila em Comunicação de Líder.
O SR. NEREU D’ÁVILA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, detesto a hipocrisia e também dois pesos e duas medidas.
Recentemente não foi aprovado um Requerimento do Ver. Zuanazzi também se
referindo à "Zero Hora" e ao Sr. Augusto Nunes, e o PT sempre se
manifestou, e há Vereadores aqui que, quando se trata de jornal do PT, como os
senhores Clóvis Ilgenfritz e Guilherme Barbosa, sempre levantaram questões de
pedir destaque. Não é pessoal, é questão política, mas hoje os dois pesos e
duas medidas do PT mais uma vez se apresentaram. Primeiro, quem mostrou aqui da
tribuna o Requerimento dizendo que o nome do Sr. Augusto Nunes estava ausente,
tentando burlar a boa fé do Plenário, foi o Ver. Gregol, dizendo, espertamente,
no final, que nós disséssemos o nome. Não nos compete. Aí foi muito bom que
aparecesse que foi seu próprio Gabinete - não sei se com seu consentimento -,
sendo impossível que num gabinete não se tenha conhecimento que aconteçam
coisas graves como essa. Veio a furo, porque ele, aqui, tentou dizer:
"Está aqui o carimbo do Protocolo; não constava o nome de Augusto
Nunes" -, tentando lançar a culpa da adulteração em algum setor da Casa, o
que ficou desmistificado. Foi no Gabinete do Vereador e endereçado ao Sr.
Augusto Nunes.
Está na Página 10 de "Zero Hora" de hoje, na coluna do Sr.
José Barrionuevo: "Goleada. A tranqüila aprovação do Projeto da FESC
confirma a tradição de vitórias do Prefeito Tarso Genro na Câmara Municipal de
Porto Alegre." Mais uma vez mostra aquilo que já sabemos de cor na
Prefeitura: "manda para a Câmara que lá eles aprovam tudo do PT." Por
isso a Bancada do PDT - está nos Anais e para a história - votou contra o Projeto
da FESC e, a partir de agora, não vai mais tratar de afogadilho, aqui, os
projetos do Executivo, discutindo profundamente, como fez com a FESC. Não
bastou, aqui, a presença do Sr. José Valdir e sequazes para intimidar a Bancada
do PDT. Nós votamos contra e depois, vencidos pelo resto do Plenário, tentamos
aperfeiçoar o Projeto através das emendas. Além de tudo, a falta, a
desmoralização da Câmara. Aqui estão os cordeirinhos que aprovam de goleada,
sempre a favor da Prefeitura Municipal de Porto Alegre. Onde está a autonomia
desta Casa ou, pelo menos, a sua dignidade política?
Está aqui também como "Excesso", de que ontem havia a questão
do Ver. José Gomes: "O Ver. Nereu D’Ávila, do PDT, admite que se excedeu
ao chamar o seu colega José Gomes, PT, de "TTT", na Sessão de
quarta-feira. Volta à tribuna, hoje, para pedir desculpas públicas." É o
que estou fazendo agora - um líder de partido. Embora o meu temperamento às
vezes um tanto exaltado, não tive direito de dizer os impropérios que eu disse
da tribuna. Eu havia pedido desculpas pessoalmente ao Vereador e agora faço
publicamente em nome das tradições políticas do Rio Grande, que não são
exatamente aquelas do meu comportamento. A dignidade e a grandeza de um homem,
incluindo as mulheres, estão no reconhecimento do erro e não na sua manutenção,
porque seria burrice. Então, em nome das tradições do Rio Grande, retiro essa
palavra que eu disse na tribuna na reunião anterior. O Vereador não está, mas
eu já havia lhe pedido escusas. Acrescento que não foi influência, também, de
que estava passível de processo por decoro parlamentar. Isso não ocorre. O art.
39 da Constituição Federal, de 5 de outubro de 1988, traz um "plus"
para os Vereadores que nunca haviam tido o instituto da inviolabilidade. Esse artigo
acrescentou aos Vereadores a inviolabilidade por seus gestos, palavras e
opiniões na circunscrição do Município. Assim está redigido o texto federal,
inclusive repetido pela Lei Orgânica Municipal. De modo que os Vereadores são
invioláveis na circunscrição do Município e não no Plenário. Eu poderia ter
dito em qualquer setor no Município de Porto Alegre e não seria falta de
decoro. Os Vereadores, no âmbito de seus Municípios, são invioláveis, de modo
que não há problema de decoro. Decoro é questão de dignidade e não de palavras.
Estou-me desculpando porque acho que foi
excesso de palavras e acho que ninguém tem o direito de ofender da tribuna os
colegas com palavras de baixo calão. Em nome da dignidade e da tradição
política deste Estado, que eu não vou deslustrar, peço desculpas ao Ver. José
Gomes. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Nereu D’Ávila recebe
os cumprimentos do Plenário por ter retirado os termos com os quais ele mesmo
não concordou e que desagradaram o Ver. José Gomes, mas o Ver. Luiz Braz
continua discordando com relação ao problema do decoro. A prática dos
Parlamentos pode ser uma, mas a falta de decoro é qualquer risco que se possa
dar numa conduta adequada, exigida dos Srs. Vereadores. É falta de decoro.
Antes de ser Presidente, eu sou Vereador da Casa. Eu peço desculpas ao Ver.
Nereu D’Ávila por ter discordado. Como nós presidimos a Casa e muitas vezes
vamos nos deparar com esse problema e como o Vereador levantou esta questão, eu
fiz questão de fazer um comentário, até porque eu acredito que nós vamos voltar
a discutir o tema.
O SR. NEREU D’ÁVILA: Acho que o assunto
levantado por V. Exa. agora, repetido por mim, iniciou com a questão do Ver.
João Bosco Vaz e da Vera. Maria do Rosário. Como eu troquei idéias com V. Exa.,
agora repeti. V. Exa. tem outra opinião, que eu respeito, mas eu creio que é
muito importante que fosse definido isso. Ontem eu examinei, estudei a
Constituição, a Lei Orgânica, o "Aurelião" - enfim, me aprofundei.
Estou convicto do que disse. Claro que a minha opinião não é definitiva, nem a
sua. Eu pediria, até para nós iniciarmos um futuro esclarecimento sobre o
assunto, que fosse pedida à Auditoria a interpretação legal. O que é decoro
parlamentar?
O SR. PRESIDENTE: Eu peço que seja
encaminhado à Auditoria para que venha um parecer à Casa.
O Ver. Fernando Záchia está com a palavra em Comunicação de Líder.
O SR. FERNANDO ZÁCHIA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, venho usar o tempo de Liderança preocupado com a nota do
Barrionuevo. Quando lemos hoje, pela manhã, a primeira impressão foi da
injustiça da nota. Se houve um projeto nesta Casa que foi discutido, amplamente
debatido, em que se envolveram demais setores da sociedade, todos aqueles
setores envolvidos - a nossa bancada, a Vera. Clênia, o Ver. Geraldo de Matos
tiveram uma participação extremamente importante na discussão; tínhamos
bancadas querendo prorrogar o prazo; parece-me até que o resultado da votação
foi uma diferença muito pequena -, foi esse.
A impressão que se passa é que houve uma aprovação tranqüila, pacífica,
e não foi isso. Claro que a nossa imagem fica prejudicada para quem lê a
notícia, e a minha preocupação, se era verdadeira a notícia do seu autor ou da
origem da notícia, que evidentemente seria do Executivo, parece clara. Falei ao
"Embaixador" que isso ficou ruim. Aí ele me mostrava nas suas
anotações que já havia a preocupação do Ver. Verle de que a nota estava ruim,
que a nota não condizia com o pensamento da Bancada do PT. Então, houve erro,
não na origem da notícia, mas de quem transmitiu a notícia. Temos que ter esse
cuidado. Essa é a minha preocupação. Temos que deixar bem claro. Como disse o
Ver. Nereu, ficarão prejudicadas as discussões e as votações do futuro. Daqui a
pouco vamos querer não votar com a nossa consciência e vamos estar votando para
preservar uma imagem pública, não verdadeira.
Aqui ninguém é cordeiro. Temos a responsabilidade e estamos votando
pela nossa responsabilidade. Se voto a favor ou contrário e estou sujeito, no
jornal - a Bancada do PMDB, falo pela bancada -, à publicação de que estou
votando como cordeiro, que vota sempre com o Executivo!? Parece-me que o
"Embaixador" já teve a preocupação. Disse que está falando com o
Prefeito Tarso para que ele mande uma nova nota ao Barrionuevo esclarecendo a
posição, que não foi bem isso, senão as coisas vão ficar prejudicadas para o
futuro. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A palavra está com a Vera.
Maria do Rosário em Comunicação de Líder.
A SRA. MARIA DO ROSÁRIO: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, eu ocupo a tribuna com o objetivo de relatar aos senhores e às
senhoras uma reunião de que participei ontem, onde se discutiu, novamente, a
situação da escola infantil construída junto à Escola João Satte, no Parque dos
Maias. Nós tivemos dificuldades de chegar à reunião, com a presença da
Secretária Municipal de Educação e dos moradores, dada a confusão da
convocação. Eu pediria aos meus pares que pudéssemos discutir essa questão.
O fato é que a Secretaria Municipal de Educação se fez presente na
comunidade do Parque dos Maias com uma proposta àquela comunidade frente à não-
aceitação que a comunidade está desenvolvendo quanto à questão das vagas e
quanto à questão da escola infantil funcionar dentro do pátio da Escola João
Satte, fechando as turmas de pré-escolares dessa escola. A Secretária, com a
sua proposta, não contemplou os interesses daquela comunidade. Eu acho
importante que a Câmara Municipal de Porto Alegre permanentemente acompanhe
essa situação, porque existe, quanto a essa questão, uma série de
irregularidades. A primeira é que a construção da escola naquele espaço não
passou pelo Conselho Municipal de Educação. A segunda é que o Conselho Escolar
e a Direção da Escola - dirijo-me muito especialmente à Bancada do PT - não participaram
da discussão de implementação daquele projeto. Sabemos o apreço que tem a
Administração Popular pela organização das comunidades nos seus Conselhos
Escolares. O fato é que existe uma contradição tão grande, colocada hoje, entre
o interesse da comunidade e o que a SMED propõe, que a proposição inicial da
SMED, do meu ponto de vista, está inviabilizada. Peço aos companheiros do PT
que venham encaminhar, junto à Secretaria, esta nossa preocupação. Não se pode
fazer uma modificação tão grande em uma escola sem a presença, sem a
participação da comunidade. No grau de atrito em que se encontram hoje as
comunidades, de uma forma equivocada, e incitadas pelos representantes da
administração do Car-Norte, a situação se encontra inviabilizada. Portanto, a Comissão
de Educação desta Casa está acompanhando. Já fizemos mais de um contato com a
Secretaria pedindo que ela assuma com sensibilidade a sua responsabilidade e
retorne as salas de aula da Escola João Satte, dando funcionamento à escola
infantil, de acordo com aquilo que está sendo deliberado pelas comunidades.
Srs. Vereadores, acho que, quando se administra a coisa pública, é
importante se pensar no subjetivo que perpassa as diferentes questões. Essas
polêmicas entre comunidades existem e certamente o administrador não pode se
curvar à existência dessas polêmicas; deve considerá-las. O contrário está
acontecendo, quando a Administração não reconhece o pleito de uma comunidade
onde está colocada a Escola João Satte, na comunidade do Parque dos Maias. Na segunda-feira
à tarde, nós vamos ter a presença, aqui, da Secretária e vamos retomar essa
discussão. Nós também estamos encaminhando à Secretaria Municipal de Educação
as preocupações dos Vereadores da Comissão de Educação e de outros Vereadores
que participaram da reunião ontem à noite - a Vera. Letícia Arruda estava
presente - no sentido de que se venha a encaminhar uma solução. Nos parece que,
com o enfrentamento com que a SMED está tratando a questão, nós não vamos
chegar a um bom termo na execução do reinício das aulas da Escola João Satte.
É importante que os Srs. Vereadores tenham em conta que as crianças
matriculadas na Escola João Satte no final do ano passado não retomaram as
aulas neste ano. Essas são as providências que estamos pedindo, de público, à
Secretaria de Educação, acompanhando a Comissão de Educação da Casa todos os
dias.
Para concluir, a nossa discordância com a nota hoje publicada na Página
10 da "Zero Hora". Nós polemizamos e melhoramos sensivelmente esse
Projeto. Ele não seria possível sem a participação da Câmara de Vereadores.
Parece-nos que a forma que se passou para a sociedade desmerece o nosso
trabalho e o trabalho das entidades não-governamentais ligadas à assistência
social, que fizeram um belíssimo trabalho, e melhoramos, afinal de contas, o
Projeto da FESC. Muito obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Clovis Ilgenfritz
está com a palavra em Comunicação de Líder.
O SR. CLOVIS ILGENFRITZ: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, o Líder da Bancada pediu-nos para que fizéssemos a representação da
bancada com relação aos assuntos, em especial ao assunto que foi colocado pelo
Ver. Nereu D’Ávila. Antes, porém, queria dizer à Vera. Maria do Rosário que
hoje, pela manhã, preocupou-me, realmente, a forma como o repórter que
entrevistava V. Exa. interpretava o assunto, como se uma tempestade enorme
estivesse caindo sobre a Cidade e a educação estivesse numa crise medonha. É
verdade que existe o problema num determinado local, tanto é que a Vera Helena
Bonumá e o Ver. Décio Schauren foram encarregados para fazerem a intermediação
pela bancada com a Secretaria da Educação e o Governo, mas não aceitamos que
isso possa transformar-se numa panacéia contra uma coisa que conquistamos a
dura sorte, com muita dificuldade, e nem comparar o nosso tipo de enfrentamento
dos problemas da educação com outros tipos de solução que estão por aí. Então,
nós respeitamos a demanda, mas não podemos aceitar a forma como um repórter se
vale disso para fazer - ele, repórter - um julgamento publicamente e nós não
termos o direito de resposta. Aí fica muito difícil. Somente o Governador
Leonel Brizola para conseguir isso com a Rede Globo.
Agora o outro aspecto que eu trago: de fato, o Ver. Nereu D’Ávila não
se encontra presente neste momento, mas, em deferência a um líder de uma das
maiores bancadas da Casa, nós queremos colocar essas questões. Nós achamos que
a atitude do Ver. Nereu D’Ávila é digna de aplausos e respeito, como já
aconteceu até com este Vereador, nesta Casa, e depois de um ato extemporâneo,
destemperado, vir à tribuna e reconhecer. Acho isso bonito. Agora: nós também
queremos dizer que não nos pautamos - e, se nos pautássemos, enlouqueceríamos,
porque a nossa bancada e todos os Vereadores dos demais partidos terão muitos
argumentos para dizer que temos razão...
Se nós nos pautássemos por notícias que saem nos jornais criticando o
Partido dos Trabalhadores, criticando as nossas atitudes, nós estaríamos nos
perdendo num cipoal onde existe interesse em criar esse tipo de problema.
Agora, nesse caso, nós, da Bancada do PT, também estamos solidários com os
Vereadores que ficaram preocupados e que se sentiram atingidos por uma nota
feita pelo jornal. Nós não temos absolutamente nada com isso. Agora: é muito
importante que se diga, em alto e bom som, para Porto Alegre e para o Rio
Grande, que nós temos tido, sim, junto conosco, o interesse dos Vereadores
desta Casa na defesa da Cidade na maioria dos projetos.
O Prefeito Tarso Genro, há poucos dias, disse isso desta tribuna. A
Câmara Municipal de Porto Alegre tem sido uma aliada da cidadania quando se
trata de um problema do Município. Isso é muito importante para nós. Nós
queremos preservar o respeito que temos pelo voto das bancadas. E eu sou um
Vereador atento, Ver. Américo Leal. Fiz anotações sobre a votação do Projeto da
FESC e foram votações absolutamente democráticas, sem ferir a autonomia de
ninguém, tanto é que, na votação do Substitutivo, foram dezessete votos apenas
contra doze. Na votação do Projeto foram dezessete votos apenas contra onze e
duas abstenções. No destaque do art. 10, que era uma das principais questões,
foi dezoito a dez. Então, as votações não foram "de barbada", como
foi dito pelo jornal. Não houve esse tipo de interpretação da nossa parte e nem
da parte do Prefeito. Nós queremos manter aqui o nosso diálogo, as nossas
disputas e, inclusive, muitas vezes, as nossas divergências frontais, do ponto
de vista principalmente ideológico, que instrumentalizam a discussão em um
parlamento, mas, quando se tratar de defesa da Cidade, nós queremos fazer
justiça, em nome da bancada, aos demais Vereadores desta Casa, não por
unanimidade, porque há diferenças de pontos de vista, mas, na maioria das
vezes, na maioria dos projetos, os Srs. Vereadores... Como aconteceu hoje pela
manhã, com apenas uma abstenção - e o Prefeito só pode ficar feliz com isso -,
quando foi aceito um projeto que estava desde o ano passado aqui e que é um
projeto fundamental para a Prefeitura para poder ter um pouco mais de recursos
para aplicar na questão social, Ver. Pedro Américo Leal.
Nós queremos, em respeito a esta Casa, em nome da bancada, deixar claro
que o nosso trabalho é um trabalho coletivo e que aqui se discute à exaustão,
depois se vota. Aí, a responsabilidade é do resultado final - quem votou
contra, quem votou a favor. A Cidade saberá julgar. Na maioria das vezes, a
Cidade vai ver que os Vereadores têm aceito os projetos que têm interesse para
o Município. Sr. Presidente, em nome da bancada, deixamos claro esse assunto. O
Ver. Nereu D’Ávila, seguramente, embora não esteja, vai ficar sabendo que não
compartilhamos aquele tipo de notícia. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Antonio Hohlfeldt
está com a palavra em Comunicação de Líder.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, eu quero apenas registrar que, de comum acordo com o Ver. João
Verle, Líder da Bancada do PT, acertamos para a próxima quarta-feira um
encontro com o Sr. Secretário da Fazenda no sentido de discutirmos
politicamente aquela questão dos companheiros da Carris. Continuamos tentando
ter uma solução para aquele problema dos antigos motorneiros, vendo se
viabilizamos uma solução em relação à aposentadoria daqueles cerca de sessenta
funcionários e mais alguns outros que não estão incluídos no convênio, mas que,
por força legal, acabarão sendo beneficiados dentro de um Projeto de Lei que se
faça aqui na Casa. Enfim, seriam cerca de oitenta pessoas envolvidas nesta
questão da Cia. Carris Porto-Alegrense.
Como nós temos aqui na Casa, em tramitação, o projeto que trata,
exatamente, da renovação do convênio, que é a base de tudo isso, a minha
intenção, de comum acordo o Ver. João Verle, é de que, nesse projeto, nós
possamos fazer uma emenda, já dando esse encaminhamento. Ganharíamos tempo,
dentro do processo legislativo todo, no encaminhamento da questão. Tendo em
vista que todo o Plenário tem participado disso, eu diria que nós, aqui,
discutimos o Projeto do Ver. Nereu D’Ávila, depois discutimos o Veto. Eu quero
dar ciência à Casa, portanto, de que a questão não está abandonada; continuamos
trabalhando neste problema. Por outro lado, quero registrar aqui, porque a SMT
é surda. Seu Secretário Afonso continua ruim dos ouvidos; a sua assessoria é
pior do que ele. Eu não sei se no Ceará e na Paraíba se fala uma outra língua
que não é a Língua Portuguesa, porque o Supervisor de Operações da SMT, Sr.
Cleanto-não-sei-das-quantas, marca encontros com o Vereador aqui e depois não
pode vir, mas avisa duas horas depois. Já duas vezes me aconteceu isso. Vim de manhã
cedo para cá porque havia um encontro com esse supervisor e simplesmente ele
não aparece e não manda dizer nada. A secretária liga duas horas depois. E a
verdade é que a coisa continua sem solução.
Para que os senhores tenham uma idéia, faz um ano e meio que efetuamos
o pedido de um funcionário desta Casa que atua neste Plenário, que é integrante
de uma Associação de Moradores da Zona Norte, que têm sido prejudicados por
algumas decisões da SMT, que mudou terminais de linha de ônibus sem consultar a
comunidade atingida. Faz um ano e meio que estamos tentando criar uma linha do
Passo das Pedras que passe pela Sertório, a exemplo de tantas outras linhas da
Zona Norte. Até agora não conseguimos nem um "não", porque, se eu
ainda levasse um "não", eu até me dava por satisfeito, mas nem um
"não" nós conseguimos levar. Sempre estão organizando as linhas da
Zona Norte. Eu ouço isso há seis anos, porque, quando eu entrei na Secretaria,
eu tinha que organizar as linhas da Zona Norte. O gozado é que, quando eu saí,
estava pronto - que, aliás, existia antes de eu ter entrado - um estudo
conjunto da VAP, da então SOPAL, que envolvia a Soul e a Viamão, que passa por
aquela zona. Estava pronto. O problema era discutir pequenos detalhes - na
época, nós tínhamos a ZIVI; hoje não temos mais a ZIVI -, enfim, fazer pequenos
acertos. Fiquei nove meses. Tive que enfrentar toda a questão da integração.
Ainda assim nós fizemos alguns encaminhamentos. Apesar de tudo, fizemos algumas
integrações. Tínhamos, inclusive, contatado o TRENSURB para fazer o transbordo
no TRENSURB na Estação Aeroporto, que resolveria boa parte dos problemas, que
se manteria a passagem no mesmo preço, mas, como a empresa ia ter um custo
menor - a diferença passava para o TRENSURB -, nós ajudaríamos com o subsídio
ao TRENSURB. Eu não sei por que, de outubro de 1989 até abril de 1994, a SMT
ainda não conseguiu resolver esse problema. É fantástico! Enfim, nós
continuamos sem a solução para essa coisa que são alguns horários no pico: na
vinda, de manhãzinha, e na volta, de tardezinha, pela Sertório, no Passo das
Pedras. Pois não bastasse esse problema, também na linha do Passo das Pedras a
Assessoria da SMT se esqueceu de consultar os moradores. De onde estava o
terminal, estendeu-o em mais alguns metros e deixou o pessoal no meio do
caminho, a ver navios, porque não vê ônibus. Os ônibus agora passam lotados
durante todo o dia. Estender o terminal, tudo bem, mas isto significa a
necessidade de colocar mais ônibus naquela linha, rever a tabela horária e uma
adequação de frota, coisa que a SMT não fez. Ela simplesmente fez uma coisa que
critiquei na Administração anterior da SMT, ao tempo do PDT: estendeu linha,
faturou com os de lá e deixou os daqui soltos.
Faz oito meses que discuto esta questão e não consigo que a Assessoria
Comunitária da SMT faça a coisa mais simples do mundo: reúna as duas
Associações e discuta uma solução. E o pior - por incrível que pareça - é que a
Associação tem a solução e a empresa de ônibus aceita esta solução. Pois a SMT
finge que não sabe nada e continua "empurrando a coisa com a
barriga", deixando os passageiros "a ver navios", pois não há
ônibus para eles pegarem. A essas alturas, não acho mais que seja incompetência
de alguns responsáveis pela SMT. Começo a pensar que seja má-fé, porque é muito
difícil imaginar que todas as coisas dadas a solucionarem não se solucionem.
Quero fazer um terceiro registro para concluir, Sr. Presidente. Foi o
Ver. Clóvis Ilgenfritz - então Secretário do Planejamento - e eu - Secretário
dos Transportes - que discutíamos, na gestão do Pref. Olívio Dutra, a
implantação daquele espaço da Borges de Medeiros - entre a José Montaury, Rua
dos Andradas e, depois, a Salgado Filho. Tivemos discordâncias. Acertamos,
chegamos num resultado final junto com a SMOV e foi implantado o espaço. Eu
convidaria qualquer Vereador para ver o caos instaurado no local graças ao
descumprimento daquelas mesmas placas que a SMT colocou lá. Quase fui
atropelado, na semana passada, por uma motorista apressada, que achava que ali
é uma rua. Como a Brigada não cuida, a SMT não fiscaliza e o DMAE esculhamba de
vez - 80% dos carros ali estacionados irregularmente são carros locados pelo
DMAE -, as coisas ficam realmente bastante complicadas.
Concluo, Sr. Presidente, lamentando a omissão absoluta da SMT. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Jocelin Azambuja em
Comunicação de Líder.
O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, eu denunciei, na quarta-feira passada, o desperdício do dinheiro
público do Governo Municipal de Porto Alegre. A imprensa até, quem sabe com
muita amizade petista, não publicou nada. Em outras áreas sairia todo o mundo
denunciando, mas em Porto Alegre, que está gastando muita verba em publicidade,
de repente não se consegue publicar as coisas como têm que ser. Convidei a
Bancada do PT para conhecer o desperdício do dinheiro público lá na Escola João
Satte com a construção da Escola Infantil Nova Gleba. Espero que tenham ido lá
para conhecer, para se horrorizar, porque eu me envergonhei. Fiquei mais
envergonhado ainda porque tem muita gente do Partido dos Trabalhadores, que
trabalhou comigo na luta pela educação, trabalha comigo dentro do
CPERS/Sindicato, condenando o Governo Estadual, condenando os projetos faraônicos
do Governo Estadual, e eu tenho que condenar agora o Governo Municipal, e os
petistas têm que me apoiar.
Vou pedir apoio do CPERS/Sindicato. Quero levar o Presidente Paulo Egon
para conhecer aquela imoralidade. Esse desperdício é irredutível: dois refeitórios
a vinte metros um do outro, dois diretores, e nós aqui, aprovando FGs, sem
necessidade alguma. Fiquei com a manifestação do Ver. Clóvis Ilgenfritz dizendo
que se está fazendo uma panacéia, que não é um problema. Desculpe-me, Vereador,
mas V. Exa. não tem filho fora da sala de aula, V. Exa. não tem filho
aguardando a sua vaga na pré-escola, onde há quatro salas fechadas. E os pais
com os filhos em casa! Imaginem se isso não preocupa.
O Ver. José Valdir, que está aqui nos assistindo, que já tantas vezes
foi comigo na frente do Palácio e na Secretaria de Educação reivindicar! Nós
tantas vezes contestamos o ato de deixar as crianças fora da sala de aula,
condenando esses atos, e agora, simplesmente, se diz que não é um grande
problema. Olhem ali: as mães do CPM, os pais do Conselho Escolar estão aqui
assistindo os Vereadores dizerem que o problema dos filhos de vocês, que estão
sem aula, não é nada. Não tem problema: vocês podem deixar os filhos de vocês
fora do colégio, e as quatro salas lá fechadas. Vai a Secretária de Educação
lá, e os assessores da Secretaria Municipal de Educação, e têm a coragem de
dizer que querem conversar com os cinqüenta e sete pais. E os outros cento e
quarenta e três, que vão ficar com seus filhos fora das salas de aula, esses
não têm problemas, esses podem ficar lá pelas ruas. Quem sabe vão conseguir
trazer para o movimento dos meninos de rua depois! Vão conseguir, vão levar
eles para o movimento dos meninos de rua. Não vão ter sala de aula? Ora, minha
gente, o que é isso? Isso é falta de responsabilidade.
Eu, há pouco, conversava com a Vera. Letícia Arruda, que também luta
permanentemente para preservar as salas do João Satte, e a nossa proposta, que
fizemos, é a de que as quatro salas do João Satte têm que ficar com o João Satte.
E vão ficar por decisão da comunidade.
Eu conheço o Prefeito Tarso Genro. Sei que é um homem sério, sei que é
um homem responsável. Tem agido assim na administração de Porto Alegre. Não tem
protegido ninguém. Eu duvido que o Prefeito Tarso Genro vá manter aquela
imoralidade da Secretaria Municipal de Educação de Porto Alegre. Não acredito,
de forma alguma, que o Prefeito Tarso Genro vá manter aquela imoralidade e
tenho certeza de que, na segunda-feira, ele vai estar a campo para resolver
esse problema, porque o ato da Secretária Municipal de Educação demonstrou
grande irresponsabilidade, falta de conhecimento, e isso, tenho certeza, nenhum
partido que se diga progressista, ainda mais o Partido dos Trabalhadores, que
sei que tem lutado pela educação, pode admitir. Não posso pensar jamais que um
militante do PT que lute pela educação possa pensar que tem uma escola da sua
administração que mantém duzentas crianças fora da sala de aula simplesmente
por uma vontade mal-administrada, maldirigida, politicamente errada, da
Secretaria Municipal de Educação.
Corrijam imediatamente, eu peço aos senhores, até porque sei do
compromisso de seriedade e de responsabilidade que os senhores têm e que o
Governo Municipal tem. Tenho certeza de que o Prefeito Tarso Genro vai rever
isso e tenho certeza de que os militantes da área de educação do PT vão fazer
reverter a situação e vão dar tranqüilidade aos pais da Escola João Satte
devolvendo as quatro salas e, aí, vão resolver o problema da escola infantil,
que não pode nem funcionar porque não tem segurança para as crianças. Nenhum de
vocês, que tem um filho de zero a seis anos, coloca o filho lá, porque lá a
criança pode morrer queimada ou atravessando uma vidraça daquelas. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Clovis
Ilgenfritz):
Está inscrito para tempo de Liderança o Ver. Pedro Américo Leal pelo PPR. Está
presente? Ver. Pedro Américo Leal, o seu tempo já havia passado. Nós vamos
aceitar, mas acho que é importante que esta Mesa diga que não dá para nós
fazermos a coisa andar nesse nível. A Mesa precisa manter o Regimento. V. Exa.
está com cinco minutos em tempo de Liderança em nome do PPR.
O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Ilustre Vereador, eu tinha
a impressão de que o ilustre Ver. Jocelin Azambuja, que costuma falar todo o
tempo que lhe é concedido, faria isso; me surpreendeu falando menos que
pretendia, por isso fui à Diretoria Legislativa buscar dados; não houve tempo e
foi por isso que não vim no momento. Não era intenção abordar esse assunto que
o ilustre Ver. Fernando Zachia não explicitou aqui com respeito a uma notícia
de jornal, deixando implicitamente atingida a Câmara, através do seu Plenário.
Ela trabalhou exaustivamente, durante sete horas ininterruptamente, para
aprovação do Projeto da FESC.
Costumeiramente, me defino em votações; nesse Projeto eu me abstive -
talvez seja o primeiro -, tanto pelo Projeto propriamente dito quanto pelo
Substitutivo do ilustre Ver. Nereu D’Ávila. O Jornalista Barrionuevo, em sua
página, dá a seguinte interpretação errônea, porque foi mal informado por seus
repórteres que aqui estiveram do que sucedeu durante a tarde. Aliás,
jornalistas têm que ter mais cuidado com o que se dá neste salão. Tive vontade
de redigir um artigo, pois sou jornalista, faço televisão, faço rádio, pois não
consubstanciaram, com essência, o que se passou aqui na tarde de quarta-feira.
Foram muito artificiais, muito "filigranáticos", não atingiram a
essência que tivemos aqui. Eles foram infelizes, não nós! Eu me abstive.
Está-me sendo entregue, agora, o Projeto que solicitei. Abstive-me
porque classifiquei o Projeto de complexo. E tanto é verdade, que três
Vereadores do PT- João Motta, Henrique Fontana e Clóvis Ilgenfritz, que está
presidindo a Sessão - vieram à tribuna e, com muita naturalidade e dignidade,
confessaram que tinham dificuldade em votar. Por quê? Porque estávamos diante
de um impasse: resolver o rumo a tomar entre o que representa a assistência
social e a assistência recreativa ao bairro, que está incrustado ao Centro
Comunitário. E esta Câmara, através de trinta e três Vereadores, vinte e nove
votando, permaneceu a tarde inteira debatendo, conversando, tentando chegar a
algo que fosse melhor do que o projeto enviado pelo ilustre Prefeito.
Não estivemos aqui para agradar Executivo e, nem tampouco, associações
de empresas ou até de bairro. Eu não consulto ninguém quando voto e nem gosto
que me procurem. Sempre peço: não me procurem, deixem que voto sozinho. É assim
e será assim até o fim, cada um tem seu tipo. Portanto, sou um depoimento fiel
contra essas palavras que estão aqui: "a tranqüila aprovação do
Projeto". Tranqüila como, se o ilustre Vereador, advogado, homem
acostumado a debates em tribunais, saiu do sério e chegou a proferir palavras
que, com muita altivez, voltou atrás, quando se dirigiu o Ver. Nereu D‘Ávila ao
Ver. José Gomes? Ele chama de tranqüila essa Sessão; então, não sei, na
verdade, o que é uma intranqüilidade. Rechaço a palavra "tranqüila",
com um torpedo.
A aprovação do Projeto da FESC confirma uma tradição de vitórias do
Prefeito Tarso Genro, que é um ilustre advogado, um homem digno, educado,
preparado, a quem o Ver. João Dib, cáustico, conhecedor das mazelas da Cidade,
elogia - e quem escapa desta língua de João Dib? Nem ele mesmo! Ora, então,
dezessete votos a favor, onze votos contra e duas abstenções, o PDT e o PTB
votaram contra, onde está a tranqüilidade de sete horas de trabalho? Saímos
daqui às 9h da noite, não descansamos para nada.
Esta notícia não tem fundamento jornalístico. É uma tentativa de
atingir esta Câmara, que é, até agora, inatingível. Em todas as Casas
Legislativas encontram-se rabinhos para se puxar. Aqui não! Estão procurando,
mas não encontram. Que continuem procurando. É claro que somos humanos e temos
erros, mas esta Câmara permanece vestalmente incólume. Esta notícia não cabe e
não se ajusta; não tem, absolutamente, ajustagem à Câmara Municipal de Porto
Alegre. Muito obrigado.
(Revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Passamos ao período de
EXPLICAÇÃO PESSOAL
O Ver. Divo do Canto está com a palavra no período de Explicação
Pessoal.
O SR. DIVO DO CANTO: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, ontem, em reunião com o Sr. Prefeito Municipal no Estádio Aladim
Pedro, precisamente na Associação dos Meninos da Bocha, contígua àquele
Estádio, nos reunimos para ver se conseguiríamos uma reivindicação antiga:
aqueles companheiros que fazem lazer naquela cancha de bocha, e às suas custas
mantêm aquele local, reivindicam a colocação de sanitários naquele local, pois
o que existe não preenche mais suas finalidades. Aqueles companheiros, através
do esforço de todos, se cotizaram e, no ano passado, começaram a construir um
banheiro que servisse também para as senhoras, suas esposas, que vão a algumas
solenidades de entrega de prêmios. Pois lá só existe um velho banheiro,
construído há mais de vinte anos.
Há um ano que estamos lutando e não conseguimos, pois aqueles banheiros
que eles começaram a SMOV embargou. Nós, a muito custo, conseguimos a ida do
Prefeito Tarso Genro ao local e, para nossa surpresa, um membro do Conselho
Comunitário do IAPI esvaziou a reunião, falando contra aquela reivindicação,
que teria que passar pelo Orçamento Participativo. Imaginem que absurdo: uma
despesa totalmente custeada por aquelas pessoas que ali fazem lazer - é um
órgão público, não é uma entidade privada; o que eles queriam era uma licença,
apenas, para construir um sanitário - necessitar do consentimento do Orçamento
Participativo! Acho até muito justo, mas não com tanto radicalismo, achando que
aquilo tinha que entrar no projeto geral da Vila do IAPI, que são 40 e tantos
hectares de construção e que tem um projeto para, daqui a um ano, ver se há
viabilidade.
Então, deixamos aqui este fato registrado. Acho que o próprio Prefeito
se decepcionou com a presença daquela pessoa, que também participa na SPM,
falando contra a reivindicação daquelas pessoas de sessenta e cinco, setenta e
até oitenta anos, moradores dali desde o início da vila. Achamos que é um
radicalismo, uma coisa antiética. Deixamos aqui registrado e achamos que o
Prefeito Tarso Genro vai dar encaminhamento, fazendo com que a SPM possa
liberar aquela construção, que é uma pequena construção de apenas 2m² - não é
mais do que isso. Então, companheiros, o que eu quero deixar aqui registrado é
que "nem tudo que reluz é ouro", que o próprio Orçamento
Participativo está influindo até nessas pequenas coisas que não vão no
Orçamento. É apenas pequeno reparo que vai ser custeado por aquelas pessoas.
Quero congratular-me, também, com meus companheiros que aqui falaram
quanto a esta nota da "Zero Hora", achando que, mais uma vez, o
Prefeito Tarso Genro foi vitorioso contra a Câmara de Vereadores. Eu também
acho, companheiros, que o que aqui se vota é para a Cidade, não para o Prefeito
Tarso Genro. Acho que se votou um projeto que vem beneficiar a Cidade, os
idosos e toda a comunidade carente de Porto Alegre. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O próximo inscrito é o Ver.
José Gomes, que está com a palavra.
O SR. JOSÉ GOMES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores,
não estava presente no momento em que o Ver. Nereu D’Ávila se retratou
publicamente. Isso até me deixa um pouco aliviado, mas não vai tirar a essência
do que eu vou falar agora. Nós, nesta Casa, procuramos trabalhar com hegemonia,
apesar das diferenças ideológicas e das siglas partidárias.
Aprendi, na minha vida humilde - não sou bacharel, nem, tampouco, líder
de alguma bancada -, a conhecer os Parlamentos, sejam eles de nível federal,
estadual ou municipal, como lugares de tradição, onde se pode fazer política.
Aprendi, também, na caserna, por onde tive boa passagem, bom tempo de minha
vida, a detectar que os Parlamentos são locais de discussão política. Também,
por não ser bacharel e também por não ser líder de bancada alguma, aprendi a
respeitar o mais humilde cidadão, seja ele oriundo de qualquer segmento da
sociedade, que tenha ou não estudo, que seja ou não bacharel.
É muito importante para nós e para esta Casa ter como prisma a
harmonia, porque somos fiscais, somos também legisladores. Acho que a harmonia
entre os trinta e três parlamentares que aqui estão se faz necessária.
Não quero entrar no conteúdo do discurso e da intervenção do Ver. Nereu
D’Ávila na Sessão do dia 6. Quero ressaltar o destempero momentâneo de um
companheiro que é bacharel, que é líder de uma bancada e que, muitas vezes, por
não ter controle emocional, profere palavras que não atacam a mim, mas ao
conjunto desta Casa, aos trinta e três Vereadores, este conjunto de trinta e
três homens de diferentes ideologias partidárias. Eu falo "homens" no
coletivo, porque não podemos separar, Vereador, os homens das mulheres, porque
estaríamos discriminando as próprias mulheres.
Eu aprendi que esses trinta e três parlamentares devem ter entre si um
respeito mútuo. Aqui somos a expressão dos nossos eleitores. Esta Casa é a
caixa de ressonância dos nossos eleitores. Os trinta e três parlamentares que
compõem este conjunto devem trazer no bojo da sua discussão a representação que
lhes foi dada. Queremos e somos responsáveis por tudo o que fizermos aqui
dentro, porque representamos a sociedade, e eu exijo desta tribuna respeito ao
conjunto dos trinta e três homens e mulheres que compõem este Parlamento. É o
mínimo que temos de ter, apesar das nossas divergências ideológicas e
político-partidárias. Para mim é muito importante que esta Casa viva em
harmonia. Se não houver harmonia, não haverá respeito; não havendo respeito,
não haverá harmonia. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Guilherme Barbosa
está com a palavra.
O SR. GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, é redundante dizer que as eleições de 1994 têm um caráter
histórico, trazem a possibilidade de mudar os rumos do País. Nós temos em
nossas mãos a possibilidade real e concreta de corrigir erros estruturais neste
nosso querido Brasil e avançar na solução dos problemas do povo brasileiro.
Essa eleição, queiramos ou não queiramos, vai polarizar programas de governo
democrático-popular com outro programa de governo conservador com a roupagem
neoliberal e que juntará, a partir desses programas de governo, uma gama de
parcelas da sociedade que tem a ver com toda a história do Brasil que criou
trinta e dois milhões de famintos, concentração de renda, concentração de
terra, falta de moradia, de hospital, de saúde e de escola. Portanto, é
absolutamente fundamental que consigamos juntar aqueles setores que têm
compromisso com a maioria da população.
Venho aqui, nesta tribuna da Câmara de Vereadores de Porto Alegre, para
dizer e trazer o meu apoio concreto à iniciativa da Direção Nacional do PT de
procurar e insistir com a Direção do Partido Democrático Trabalhista, o PDT, de
que é preciso que unifiquemos a esquerda, os setores democráticos do País.
Sabemos das divergências estaduais entre os nossos partidos, mas sabemos também
que, no Congresso Nacional, PT e PDT, principalmente, mais o PSB, PPS e PC do
B, têm trabalhado permanentemente em conjunto. Somos contra a revisão
constitucional, somos contra o Plano Fernando Henrique Cardoso, somos a favor
da reforma agrária, somos a favor da democratização dos meios de comunicação,
somos contra o arrocho salarial. Enfim, há uma gama de assuntos e temas que
afligem o povo brasileiro e temos trabalhado conjuntamente. Portanto, está em
jogo, Srs. Vereadores, essa possibilidade real de transformação do Brasil. Nós
temos, neste momento histórico do Brasil, de superar aquela frase - verdadeira,
sim - de que a esquerda só se reúne na cadeia. Pois bem: nós estamos dando um
passo concreto de reunir as esquerdas fora da cadeia, de reunir as esquerdas no
momento crucial da vida do Brasil. São décadas e décadas que não temos uma
eleição como essa. Portanto, faço um apelo. E fico contente que chegou ao
Plenário o Ver. Pedro Ruas, que, sei, tem uma influência forte no PDT. Gostaria
que estivessem presentes também o Líder da Bancada e o Ver. Milton Zuanazzi,
que tem uma relação, inclusive pessoal, com o Governador Brizola.
É preciso que superemos, neste momento, as divergências pessoais,
porque, mais do que isso, está, sim, em jogo a possibilidade real deste País de
termos um governo de compromisso popular e termos um governo que consiga
implementar a reforma agrária, que consiga dar um baque nos juros altos, na
especulação imobiliária, um governo que consiga implementar a política social
de educação, saúde e moradia. E se o meu candidato Lula tem possibilidade de
ganhar, e vamos fazer força para que isso realmente se efetive, nós precisamos
ampliar esse leque para, se possível, ganhar no primeiro turno. Essa aliança no
Rio Grande do Sul não faria menos que 80% dos votos no nosso Estado. Então, é
preciso que deixemos as divergências estaduais, as divergências pessoais, com
certeza existentes, e pensemos nesta situação excepcional e que a esquerda tem
um nome forte e que a eleição pode mudar radicalmente o rumo do Brasil.
Então, fica um apelo, principalmente à Bancada do PDT, mas fica um
apelo à Direção Estadual do PDT, e, quem sabe, chegue aos ouvidos do Governador
Brizola este apelo do nosso partido, porque não é só uma questão de ganhar
eleição: é uma questão de inverter todo o rumo da história deste Brasil que
está colocada em nossas mãos neste momento. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. João
Motta. Ausente. Com a palavra, o Ver. Antonio Hohlfeldt em Explicação Pessoal.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, esperei que a Bancada do PT se manifestasse a respeito de um fato
que é importante e que, apesar de eu não me pautar pelo que dizem os jornais, e
hoje foi a tônica da Sessão, está também registrado nos jornais, embora já
tivesse ciência desse fato desde ontem através de cópias das decisões do
Tribunal. É o fato de o ex-Prefeito Olívio Dutra ter sido, por unanimidade,
absolvido pela 4ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de processos que
tiveram origem, na sua maioria, aqui nesta Casa por divergências políticas.
O primeiro deles foi aquela situação ridícula criada em torno da
"Revista Dum-Dum", pretensamente uma revista pornográfica; depois, a
questão do resíduo salarial dos municipários - episódio que ocorreu quando
presidi esta Casa, quando tivemos muito cuidado no encaminhamento da questão,
inclusive na discussão da hierarquia legal sobre se Lei Complementar ou lei
comum, se uma podia tramitar ou substituir a outra -, e essa decisão, portanto,
não toca somente ao ex-Prefeito Olívio Dutra, mas também a mim, enquanto
ex-Presidente da Casa e Vereador. Isso porque consultei, sustentei essa posição
e a vejo agora consagrada pelo Tribunal. Também, a criação da Empresa Tinga num
momento de crise em que o Prefeito Olívio Dutra teve a coragem de fazer o que
outros Prefeitos não haviam tido, que era solucionar a questão do transporte da
Zona Sul da Cidade, da Restinga. E, por fim, a questão da tarifa, da renovação
da frota, que efetivamente todos os Vereadores que tiveram bom senso, seriedade
no tratamento da questão, concordaram que houve um mal encaminhamento da
solução, mas que não se tinha outra alternativa a partir do momento em que o
Judiciário havia dado ganho de causa à Empresa Sopal no processo da
desapropriação. Ora, se o Judiciário deu cobertura ao empresário, restava muito
pouco ao Município para fazer senão a saída que encontramos, que, depois, teve
cobertura da Casa, cobertura legal, com o Projeto de Lei aprovado.
Faço esse registro porque acho muito importante. Se fez muita
"alaúza" na época de cada um desses processos e, infelizmente,
depois, na hora da inocência, o espaço é muito pequeno no jornal. Evidente que
o ex-Prefeito não precisa de espaço maior. Acho que a imagem do companheiro
Dutra é bastante solidificada na opinião pública, mesmo entre seus adversários.
E lembro a presença do Ver. João Dib na Sessão Solene de homenagem ao Olívio,
inclusive. Acho que fica bem claro o tipo de relação política que temos, mas
queria deixar registrado isso porque também me sinto envolvido nesse processo,
pelo menos no que toca aos transportes, porque fui o Secretário dos Transportes
que iniciou um procedimento que, mesmo contrário à minha posição pessoal,
cumpri enquanto Secretário que era naquele momento.
Quero completar o que havia iniciado no discurso anterior, pois, ao ser
interrompido pelo Presidente, por respeito ao Regimento Interno, parei o meu
discurso.
Na Av. Borges de Medeiros, onde se havia implantado um espaço para
pedestres, inclusive com toda uma ação de urbanização, colocação de floreiras e
imensas placas dizendo que só pode haver carga e descarga até as 9h da manhã,
etc., virou realmente uma "Torre de Babel" por absoluta omissão da
Secretaria Municipal dos Transportes e a conivência da Brigada Militar.
Na quarta-feira retrasada, anterior à Páscoa, passei ali e fiquei
abismado. Como eu disse, quase fui atropelado por uma senhora muito nervosa,
que ficou irritada porque não saí da frente de seu carro. Eu estava no meu
espaço de pedestre e ela não estava no espaço de motorista. Por mais de cinco
minutos tentei encontrar um brigadiano naquela zona, mas não consegui. Desci
até o Mercado, imaginando que na semana da Páscoa haveria caminhões
descarregando peixes e que haveria uma situação específica, determinada pela
SMT, que seria até inteligível. Você tem que ser flexível, você tem que adaptar
a lei às realidades que são colocadas. Conversei, enfim, com um brigadiano que
não estava encarregado de cuidar daquele perímetro - portanto, não se metia.
Podiam matar alguém a vinte metros ali adiante que ele não se meteria porque
não é do perímetro dele. A essa altura encontrei outros dois soldados e fui
informado taxativamente de que é proibido estacionar. Eu lhes disse:
"Então vocês estão cegos, porque temos aí cinqüenta veículos
estacionados." Eles disseram que era do DMAE e eu pedi para olhar. Então,
passamos a olhar os carros. Realmente, 80% dos veículos particulares, locados,
são do DMAE. Alguns motoristas desrespeitam a ordem do DMAE, que é de colocar a
placa de serviço. Os outros estão com a placa de serviço, mas descobri carros
da CEEE, da CRT, da União de Seguros, todos pertencentes ao Estado.
A minha conclusão é óbvia. Quer dizer: órgão público desrespeita a lei e,
claro, dá o péssimo exemplo para os particulares fazerem o mesmo. A sugestão
que quero fazer aqui, completando a idéia do Ver. Clóvis, é de que a SMT tome
uma providência. Se o DMAE, que instalou a sua loja ali na José Montaury,
precisa de uma área de estacionamento - eu não vou discutir isso -, então que
mudemos a placa. Façamos, por exemplo, com que o lado esquerdo, para quem sobe
a Borges, se torne um estacionamento público do DMAE, ou coisa desse tipo, com
a placa bem determinada - um estacionamento oblíquo faz com que mais carros
possam parar ali -, liberando o pedestre, mas fazendo com que a lei seja
cumprida. O que não dá para aceitar é que a SMT proíba e outros órgãos
descumpram.
Um soldado da Brigada me dizia que, se multar alguém e esse alguém se
queixar para o comandante, quem toma cadeia é ele. Fiscal da SMT é coisa que a
gente nunca vê, porque o Secretário acha que fiscal não vale a pena, tanto que
faz dois meses que eu visitei a Secretaria, sugeri uma ação forte de
fiscalização. Ficaram de discutir o assunto comigo. Eu fiquei plantado,
esperando até hoje. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a
palavra.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, eu gostaria que o Prefeito Tarso Genro obtivesse, aqui, muitas
vitórias, à semelhança daquela que ocorreu num debate intenso, profundo e que
deu origem à criação de FESC como órgão de Direito Público. Eu quero que ele
obtenha sempre assim as vitórias, não como a de hoje, que teve só uma abstenção.
Se o Ver. Ferronato estivesse aqui na tribuna ele diria: "Ora,
vejam só, quem reclama em matéria de utilização dos meios de comunicação!"
Reclamam contra o entrevistador da Vera. Maria do Rosário hoje, mas, na mesma
emissora, na Rádio Guaíba, eu colocava uma opinião que é minha, que é estudada,
que foi pensada, repensada, debatida. Enquanto eu falava, um desses aprendizes
da SMOV telefonou para a Rádio dizendo que eu, o Ver. João Dib, não sabia nada,
estava tudo resolvido. Ora, se eu vou pedir para um iniciante da SMOV o que
está certo e o que está errado! Como pode ele interferir, enquanto eu falo,
dizendo que eu estou errado? Ele exigiu que fosse dito no ar que eu estava
errado. O responsável pelo programa disse: "Está chegando uma informação
da SMOV que o Vereador está errado." Quem é o funcionário da SMOV para
definir as atribuições dos Vereadores?
Essa é a gente que gasta em propaganda o que nunca foi visto nesta
Prefeitura. Aqui estão quarenta páginas de propaganda. Só não dizem quantos
volumes foram editados, mas sei que foi na gráfica do DMAE, e é propaganda. A
mesma Administração que recentemente eu vim a esta tribuna dizer que gastava o
dinheiro da minha neta mentindo! E num programa em horário nobre, na televisão,
eu ouvi dizerem, Ver. Antonio Hohlfeldt, que a eleição dos diretores de escola
do Município é feita há cinco anos. Ninguém melhor do que V. Exa. para saber
que não é verdade, como também ouvi mentirem que ganharam 37ha da Cúria
Metropolitana! E depois eu ouvi aqui o Diretor do DEMHAB dizer que não foi bem
assim, dizendo que é 5% disso, mais 3% daquele outro, mais tanto. Então, não
foi de graça...! Mas eu vi pagarem três minutos com dinheiro do povo, dizendo
que recebiam gratuitamente. Só sei se aqueles 150 mil dólares que a Brahma deu
para a Prefeitura, para o Mercado, não tem uma contrapartida. Nessa altura eu
já coloquei em dúvida. Agora também falo sobre a certeza do descumprimento da
Lei Orgânica, art. 125, que diz que tem que mostrar tudo que gasta em
propaganda, publicidade, rádio, televisão, vídeos, panfletos, folhetos, tudo e
todos os "etos" que existem por aí. Mas eu espero que o Sr.
Embaixador, que está anotando diligentemente, faça com que chegue a nós quanto
é que estão gastando de propaganda, reclames, como se diria antigamente.
Ver. Antonio Hohlfeldt, eu não concordo com a história do estacionamento do DMAE. Eu gosto muito do DMAE, mas, realmente, ali foi fechado e foi entregue ao pedestre. Eventualmente, é claro que pode passar um veículo por uma necessidade, mas estacionamento, para fazer numa garagem coletiva e paga, não tem sentido. Não existe no Código Nacional de Trânsito, no seu regulamento, uma figura capaz de enquadrar o que o DMAE está pretendendo fazer agora e, depois, fazer até com que pessoas corram riscos, porque é o espaço destinado ao pedestre. E eu lembro bem quando o Prefeito Villela mandou fechar - eu era Secretário dos Transportes - a Borges de Medeiros. As pessoas tomavam chimarrão ali, porque havia tranqüilidade. Mas acho que está acontecendo um movimento muito grande para uma área que foi destinada a pedestres. As pessoas de mais idade que moram ali desciam para tomar chimarrão naqueles bancos que foram colocados no local. Eles já devem ter desistido, porque o movimento intenso faz com que pessoas não tenham mais segurança. Portanto, Ver. Antonio Hohlfeldt, acho que o DMAE acertaria contratando uma garagem. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Nada mais havendo a tratar,
declaro encerrados os trabalhos da presente Sessão.
(Encerra-se a Sessão às 11h51min.)
* * * * *